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Escrito por; 

Emanuele Guimarães. Psicóloga. Doutoranda em psicologia pela Universidade de Flores (Argentina).

 

 

 

A palavra psicose é usada para descrever condições que afetam a mente, onde houve alguma perda de contato com a realidade. Durante um episódio psicótico, os pensamentos e percepções de uma pessoa são perturbados e o indivíduo pode ter dificuldade em entender o que é real e o que não é. Os sintomas da psicose incluem delírios (falsas crenças) e alucinações (ver ou ouvir coisas que os outros não veem ou ouvem). O termo enquadra todos os quadros psiquiátricos que apresentam essas manifestações.

 

 

A esquizofrenia, a depressão maior e a mania, são compreendidas como estados psicóticos, porque são configurações mentais que se desenvolvem lentamente, seja como resíduos traumáticos do mundo infantil, repetidos subjetivamente e de forma anômala pela vida, seja por insensibilidade de compreensão empática das necessidades do crescimento afetivo humano e vividas desde o berço no meio ambiente familiar.

 

 

As psicoses “implicam um processo deteriorativo das funções do ego, a tal ponto que haja, em graus variáveis, algum sério prejuízo do contato com a realidade. É o caso […] das diferentes formas de esquizofrenias crônicas” (ZIMERMAN, 1999, p. 227 apud LINS, 2007, p. 42).

 

 

Portanto, a psicose tem como núcleo estruturante central a prevalência do princípio do prazer (ID) sobre o princípio da realidade (EGO). Dessa forma, as funções do ego são prejudicadas, caracterizando o contato do indivíduo psicótico com seu mundo externo como um ambiente restrito ao seu universo interpsíquico, ou seja, um mundo só seu. No estado psicótico tudo gira em torno do próprio indivíduo, como se ele fosse o centro do universo.

 

 

Freud (1924), em seu escrito A perda da realidade na Neurose e na Psicose, explica a psicose como um distanciamento do EGO, e com o predomínio do ID (SOARES e MIRÂNDOLA, 1998 apud LINS, 2007). Em sua abordagem, Freud denominava as psicoses como “neuroses narcísicas”, pois se apresentavam em pacientes que não conseguiam estabelecer relações com o outro e o mundo externo, ou seja, não desenvolviam relações significativas com qualquer outra pessoa. Hegenberg (2001) caracteriza as pessoas psicóticas como:

 

 

 

Profundas, centradas nelas mesmas, estabelecendo uma delicada relação com o ambiente porque esse ambiente pode ser fator de desorganização pessoal […] têm um mundo interno rico, em função do id como instância dominante. A criatividade do tipo P é grande em função desse contato profundo com seu mundo interno, sendo que suas ideias próprias, que não precisam respeitar regras ou opiniões alheias, também se dão em função dessa riqueza do mundo interior (HEGENBERG, 2001, p. 98 apud LINS, 2007, p.43).

 

 

 

Além dessas características, existe um fator que define o quadro do psicótico, a questão social. O psicótico tem dificuldade de se desempenhar no campo social. Em termos psicanalíticos, ele apresenta dificuldade de se desempenhar diante do outro, no espaço do outro. No início da vida, o bebê e o ambiente são indiferenciados, na psicose temos a formação do eu, mas em alguma medida um grau de indiferenciação permanece, ou seja, uma não separação eu-outro. Por exemplo na paranoia o outro é um perseguidor por excelência, na esquizofrenia o EGO e a realidade mais evidentemente aparecem borrados.

 

 

O psicótico tem dificuldade em criar metáforas, ou seja, aquilo que ele escuta é interpretado de forma literal. Se um paciente psicótico ouve falar que a cabeça de alguém está “cheia de lixo”, vai entender que o crânio dessa pessoa se encontra repleto de objetos sujos. Pode ser que ele até fique angustiado por não poder retirar esse “lixo” de lá. O psicótico não tem capacidade de abstrair. Uma das maiores dificuldades de se tratar uma pessoa psicótica é ajudá-la a reconhecer a existência de sua doença

 

 

Atualmente é possível diminuir a angustia intensa, a atividade delirante e as condutas auto lesivas com ajuda da medicação. O que os psicofarmacos não atingem é a subjetividade do psicótico, ou seja, qual o sentido psíquico dos sintomas, ai entra a psicoterapia psicodinâmica, em que se fala com o paciente sobre esses sentidos e como se manifestam nas histórias que ele traz e nas situações que ocorrem na terapia.

 

 

 

Referências

 

LINS, Samuel Lincoln Bezerra. Psicose – diagnóstico, conceitos e reforma psiquiátrica. 2007. Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script

=sci_arttext&pid=S1679-44272007000100003>. Acesso em: 07 set. 2021.

Equipe Gazeta
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