Falar de violência sexual infantil é difícil e agoniante. Este é um tema muito delicado, sensível e super dolorido de falar. Mas, nos calarmos só piora a situação e deixa milhares de crianças vulneráveis, em perigo e com seus futuros comprometidos.
A violência sexual infantil é um crime que acontece quando uma criança é pressionada ou forçada a ter qualquer tipo de contato sexual por um adulto. Pode incluir abuso sexual, exploração sexual, assédio sexual ou outras formas de relações sexuais impróprias.
Os abusos sexuais infantis têm consequências devastadoras para as vítimas, incluindo traumas emocionais, problemas de saúde mental, dificuldades de aprendizagem, abuso de drogas e álcool, dificuldades de relacionamento e até suicídio.
Ninguém consegue estar ao lado dos filhos o tempo todo, por isso a gente deve preparar as próprias crianças para saberem se proteger. Isso vai ajudá-las inclusive para enfrentar outras formas de violência como o bullying. Preparar nossos filhos para a vida inclui o ensinar sobre o próprio corpo, inclusive as partes íntimas, e que ninguém pode tocar nelas.
As crianças precisam saber reconhecer situações de risco e o que fazer, caso elas ocorram. O abuso sexual na infância é uma realidade triste e alarmante, não uma ameaça distante. E entre crianças com deficiência, o risco ainda é maior.
É imprescindível que pais e responsáveis comecem a conversar sobre o tema com as crianças desde cedo. É importante explicar o que é abuso sexual, como reconhecer comportamentos inapropriados e como se resguardar. É importante ensinar às crianças que elas têm o direito de dizer “não”, mesmo às pessoas mais próximas. Outra medida importante é orientá-las a denunciar qualquer situação de abuso ou violência, e mostrar que sempre há alguém disposto a ajudar. É importante que elas saibam que há pessoas de confiança e serviços de assistência que podem oferecer apoio.
É também fundamental que os pais e responsáveis busquem informações sobre as leis e políticas locais que regem o abuso sexual infantil para garantir que a criança esteja em segurança e também sobre quais são as organizações e instituições que oferecem apoio e orientação às vítimas de abuso sexual.
Finalmente, é importante que os pais e responsáveis busquem formas de educar e ensinar, estimulando a autoestima das crianças, fortalecendo seus laços e dando-lhes segurança. É de extrema importância que mantenham uma comunicação aberta com as crianças e estejam alertas às mudanças de comportamento das mesmas.
A prevenção é a melhor forma de enfrentar a violência sexual infantil. A cartilha Eu Me Protejo é gratuita, ilustrada, em linguagem simples e acessível (com áudio-descrição e Libras). Foi elaborada por mais de 50 especialistas independentes e voluntários e testada e validada por crianças. No site também tem músicas, teatro de fantoche e outras dicas para conversar com as crianças. O projeto recebeu o prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos das Crianças e Adolescentes em 2020.
Link para download da cartilha Eu Me Protejo: https://www.eumeprotejo.com/cartilha
Então, o que fazer quando houver suspeita ou confirmação de abuso sexual?
Busque ajuda de um profissional da saúde especializado, como um médico ou psicólogo. Estes profissionais podem ajudar a criança a lidar com o trauma, bem como fornecer orientação e suporte psicológico. É importante salientar que não é necessário ter certeza sobre uma situação de violência para denunciá-la. Basta a suspeita da violência para realizar a denúncia.
É possível denunciar a violência infantil às autoridades competentes, como:
• As Delegacias de Polícia, sejam especializadas ou delegacias comuns, também são responsáveis por receber denúncias de violação de direitos das crianças e dos adolescentes.
• O Disque 100 é uma central telefônica na qual as denúncias são recebidas e encaminhadas para os órgãos de proteção do município de origem do caso;
• O número 190 também recebe as denúncias, mas prioriza situações de emergência e de risco iminente;
• O Aplicativo Direitos Humanos Brasil também recebe denúncias. Ele é administrado pela mesma central do Disque 100. Para ter no seu celular ou tablet, faça o download na Play Store ou Apple Store;
• A Ouvidoria online é um site que faz parte do portal Humaniza Redes do Governo Federal, que também integra o sistema Disque 100;
• Pelo e-mail: [email protected]
• O Conselho Tutelar está presente nos municípios brasileiros e é o principal órgão de proteção a crianças e adolescentes. Os conselheiros devem receber denúncias e realizar os encaminhamentos necessários para garantir a proteção das possíveis vítimas;
É vital que se faça algo para parar a violência sexual infantil. É necessário que sejam desenvolvidas campanhas de conscientização sobre o assunto, que sejam desenvolvidas políticas para prevenir o abuso sexual infantil, que sejam criados mecanismos para permitir que as crianças denunciem tais situações e que sejam oferecidos serviços de apoio para as vítimas. É uma luta de todos, faça a sua parte! Denuncie!
Contato:
47 9 99661615
E-mail [email protected]
Instagram @psicologagislainehiera
Gislaine Dias Hiera
CRP 12/22256
Psicóloga
Pós graduanda em Psicologia Perinatal e da Parentalidade
Capacitação em prevenção ao abuso sexual e infantil
Referências:
A atuação da(o) Psicóloga(o) nos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes CRP-PR. 2021. Disponível em: <https://crppr.org.br/violencia-sexual/).
Aprendendo a me proteger da violência. eumeprotejo, 2022. Disponível em: <https://www.eumeprotejo.com/>
Pas prevenção ao abuso sexual, Leiliane Rocha. Disponível em: <https://leilianerocha.com.br/cursopas/>