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Três Barras CONTRA o xisto!

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Na noite de sexta-feira dia 05 de abril, houve uma grande reunião na Associação dos Micro e Pequenos Agricultores do Município de Três Barras na localidade de São João dos Cavalheiros. Marcaram presença os prefeitos Beto Passos de Canoinhas e Luiz Shimoguiri de Três Barras onde se manifestaram contra a exploração do xisto. Também estiveram no evento o vice-prefeito Gilson Nagano, o vereador Marco Antonio de Souza (Gorguinho) e a vereadora Carla Shimoguiri que, assim como os referidos prefeitos se manifestaram contra a extração do minério na região.

Houve as manifestações dos prefeitos. O representante canoinhense se posicionou totalmente contra e se pôs à disposição para auxiliar no movimento. O prefeito de Três Barras foi enfático e, assim como Passos, se posicionou contrário ao xisto: […] “eu como produtor rural, vivendo a vida toda no meio rural, eu também gostaria de me juntar a este movimento e ser contra este projeto”… Segundo o prefeito Luiz Shimoguiri, 30 % da área rural de Três Barras estão nas mãos do governo federal, as áreas do IBAMA e do exército. Caso o território do município seja atingido, haverá ainda mais redução da área produtiva e muitas famílias sobrevivem a atividade agrícola.

O evento foi organizado por lideranças locais que, preocupados com as consequências do empreendimento na região, convocaram os cidadãos em geral para o debate público. Estiveram presentes no evento em torno de 150 pessoas. Segundo os organizadores, a princípio seria uma pequena reunião para deliberações e planejamentos, porém após a divulgação e abertura para participação de interessados no debate, houve uma grande e imediata repercussão. Alguns representantes políticos confirmaram presença e logo o movimento foi ganhando corpo.

O debate foi conduzido por lideranças da Associação PRORIOS de Papanduva que relataram fatos ocorridos naquele município e as ações que já foram efetivadas para dificultar a exploração do minério de xisto. Segundo eles, há três fases de estudos antes da empresa Irati Energia iniciar a extração: A primeira fase é o estudo de viabilidade (já concluída). Nesta fase o objetivo das pesquisas é analisar se o empreendimento é viável economicamente ou não. A segunda fase consiste na elaboração dos estudos ambientais que se encontram em fase final. Nesta fase são analisados os impactos que o empreendimento causará à fauna e flora da região. A terceira e última fase consiste no estudo socioeconômico da área afetada.

A Empresa Irati Energia pertence à empresa canadense Forbes & Manhattan e possui um escritório em Curitiba (PR) e outro em Belo Horizonte (MG). A empresa projeta retirar 25 mil barris de óleo por dia, com a ativação inicial de oito reatores, ultrapassando a Petrobrás em São Mateus do Sul que produz 7,8 mil barris/dia de óleo de xisto. No evento foi debatido o impacto que isto causará para a região, caso se instale, pois se considerar os problemas de São Mateus do Sul e fazer uma projeção a partir do projeto apresentado pela empresa se pode ter uma ideia da dimensão do problema que a região do Planalto Norte Catarinense e sul do Paraná irá enfrentar. Importante afirmar que este é o projeto inicial, a reserva permite ir além dos 25 mil barris de óleo de xisto por dia.

Os integrantes do movimento de Papanduva relataram alguns fatos graves registrados na área rural do município, tais como: Informações desencontradas e inverídicas fornecidas aos proprietários das áreas estudadas desde a primeira fase que é o estudo de viabilidade, invasão de propriedades, implantação de poços, armadilhas e coleta de material sem a autorização dos proprietários, a invasão com drones após a proibição e a vigilância dos proprietários. Isto está documentado e feito registros de boletins de ocorrência na delegacia local.

Os interlocutores do evento trouxeram informações referente aos impactos que a mineração do xisto causa. No Solo há a redução de fertilidade, abalos sísmicos e tremores. As águas (rios, subsolo, nascentes, lençol freático) são prejudicadas pelas explosões para a sedimentação das rochas e escavações para a extração do minério. O clima se altera propiciando chuva ácida, fuligem, mau cheiro e mudança de temperatura. Surgem problemas de saúde como o aumento de casos de câncer, doenças respiratórias e redução de fertilidade. Já na agricultura os impactos são irreversíveis, dito que a atividade de mineração é finita e, com o fim da mineração o solo se torna infértil impossibilitando a produção de alimentos. Há também o aumento de estiagens, redução da qualidade de alimentos e a contaminação de alimentos produzidos no entorno do local de mineração.

Em Papanduva os moradores estão obstruindo a estrada dos representantes da empresa em suas propriedades, efetuando vigilância no interior pelos próprios moradores e registrando as invasões por terra e ar. Importante salientar que sobrevoos com drones sem autorização da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) são ilegais. O legislativo municipal criou uma lei proibindo a extração de xisto o que resultou na revogação do alvará que a empresa já havia conseguido para atuar no município. O objetivo do movimento é impedir a entrada dos representantes da multinacional em outros municípios. Para isto, traçam estratégias locais para dificultar a operação da empresa estrangeira e obter êxito contra a exploração do minério na região.

No evento na localidade do São João dos Cavalheiros também estiveram presentes, além da PRORIOS (Associação de Proteção da Bacia do Rio São João e da Bacia do Rio Papanduva), a 350.org Brasil que trabalha contra os combustíveis fósseis e na promoção de um mundo movido 100 % de energia livre e a COESUS (Coalisão Não Fracking Brasil pelo Clima Água e Vida) “o fracking é uma tecnologia utilizada para a extração não-convencional de gás de xisto que apresenta grandes riscos ambientais. A campanha Não Fracking Brasil visa mobilizar a sociedade civil organizada, entidades públicas e privadas, representantes da indústria e serviços, gestores públicos e profissionais liberais, parlamentares, cidadãos e cidadãs para juntos bloquearmos a entrada do fracking no Brasil” (https://naofrackingbrasil.com.br/).

 

Foto: Paulinne Rhinow Giffhorn/COESUS

 

Foto: Paulinne Rhinow Giffhorn/COESUS
Foto: Paulinne Rhinow Giffhorn/COESUS
Equipe Gazeta
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