InícioCegueira e SolidariedadeTratamento do esgotamento residencial: você conhece?

Tratamento do esgotamento residencial: você conhece?

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A preocupação com a disponibilidade, usos dos bens naturais e a sustentabilidade ambiental é atual e crescente, tanto no meio acadêmico, quanto em outros setores da sociedade, uma vez que, parte das atividades que executamos diariamente geram impactos negativos ao ambiente. Dentre os referidos impactos, podemos destacar aqueles relacionados com os esgotos domésticos, os quais, não tratados adequadamente, podem poluir o ambiente e gerar desconforto e mal-estar humano. Os esgotos domésticos são aqueles provenientes de vasos sanitários, pias do banheiro e da cozinha, máquina e tanque de lavar roupas, além do chuveiro de nossas casas.

 

 

O tratamento desse esgoto nas cidades – naquelas que o tem – é feito em locais adequados, denominados Estações de Tratamento de Efluentes – ETEs. Por meio da coleta via tubos ou condutores longitudinalmente dispostos nas ruas, o material é direcionado para o tratamento, de forma a evitar o contato direto com o ambiente. No entanto, em áreas urbanas e rurais, não integradas à rede coletora, o tratamento do esgoto é realizado por meio dos tanques sépticos, uma das alternativas mais antigas, simples e descentralizadas, mas com resultados satisfatórios.

 

 

No entanto, é preciso considerar que, por muito tempo, o esgoto doméstico era destinado equivocadamente ao solo mediante as denominadas “fossas negras” (simplesmente um buraco no chão, onde eram armazenados os esgotos). Infelizmente, tais práticas ainda acontecem em algumas construções. A problemática associada a isso deve-se ao fato de que essas fossas não possuem nenhuma forma de tratar esse esgoto, e assim os contaminantes presentes atingem o solo e podem os afetar a qualidade da água dos aquíferos!

 

 

Os tanques sépticos, geralmente são construídos em diferentes materiais construtivos (alvenaria, concreto, fibras), e é neles que fica o esgoto in natura proveniente das residências. Esse tratamento é feito por meio da separação das fases sólida e líquida do esgoto. Estima-se que cerca de 99% do esgoto é composto por água, e apenas 1% de material sólido (principalmente fezes humanas). A fase sólida, por ser mais pesada, sedimenta no fundo do tanque, formando o lodo, enquanto a parte líquida segue adiante no processo de tratamento. Nesta etapa, na parte sólida, ocorre a ação de bactérias benéficas ambientalmente, afinal, as quais promovem a degradação de compostos prejudiciais ao meio ambiente. Após esse período, o esgoto segue para novas etapas de tratamento, denominado filtro anaeróbio, onde ocorrerá a morte de bactérias e vírus, e a degradação de compostos remanescentes do processo anterior de tratamento. E finalmente segue para um sumidouro ou vala de infiltração, uma vez que já está em condições de ser disposto no ambiente com segurança.

 

 

É importante destacar que o tamanho desses tanques é calculado com base no número de pessoas que habitam a residência, de modo que o tratamento do esgoto ocorra corretamente. Para esses cálculos e observações técnicas, os profissionais responsáveis pela obra seguem normas técnicas específicas. Após instalado e em operação, esses sistemas precisam de limpeza e manutenção adequadas, para garantir a eficiência do tratamento. Vale lembrar que, aproximadamente 10% do lodo (sólido) devem ser deixados no fundo do tanque, pois nele existem micro-organismos benéficos que permanecerão no sistema de tratamento.

 

 

O uso de sistemas de tratamento de esgoto como os descritos neste texto, já tiveram sua eficiência ambiental comprovada. Como exemplo, trazemos a experiência estudada em uma região vulnerável, onde a qualidade da água de um rio foi avaliada antes e depois da instalação de sistemas de tratamento de esgoto doméstico nas residências próximas (Lanna et al., 2019, disponível em: https://doi.org/10.1016/j.envpol.2019.05.104). O estudo apontou que a implantação dos tanques sépticos teve como consequência a diminuição da quantidade de bactérias e vírus patogênicos na água do rio próximo a essas residências, melhorando assim a qualidade ambiental, a saúde pública e a vida das pessoas.

 

 

Tratar o esgoto é importantíssimo, mas é possível diminuir o volume de esgoto gerado? Sim, é possível e tão importante quanto. Para que essa diminuição ocorra, é necessária a mudança de hábitos dos usuários, como por exemplo, o reuso das águas antes do seu lançamento no sistema de tratamento, a diminuição do tempo no banho; ou ainda, a adoção de dispositivos que demandem menos água para funcionamento, tais como torneiras com menor vazão, vasos sanitários com dispensador de água, com volume diferencial para descargas.

 

 

Refletir e debater sobre as questões e os cuidados com o meio ambiente são fundamentais, mas é preciso ter mudanças de hábitos e ações efetivas. Então, convidamos você, nobre leitor, ao finalizar este texto, tomar um copo de água e uma atitude. Faça algo, por você, pelos seus e pelo mundo!

 

 

 

Patrique Savi – Engenheiro Ambiental e Sanitarista – Egresso da Universidade do Contestado (UnC). E-mail: [email protected].

 

Dr. Jairo Marchesan – Docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional e do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado (UnC).

E-mail: [email protected].

 

Drª Aline Viancelli – Coordenadora e Docente do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado (UnC).

 

Dr. William Michelon – Docente do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado (UnC).

Equipe Gazeta
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