Por: Laís Roberta Ferreira Pinto
Licenciada e Bacharel em Educação Física
CREF: 024024
Observando o cenário educacional e os perfis dos alunos matriculados nas escolas, percebe-se o quanto a Educação Física pode ser essencial para o processo de Inclusão de alunos com deficiência no ensino regular. Romper barreiras, oportunizar igualdade de ensino e aprendizagem no processo de inclusão, é um dos princípios fundamentais para o sucesso de uma educação inclusiva de qualidade. O Novo Decreto Nº 10.502 de setembro de 2020 que institui a nova política de Nacional de Educação Especial, prioriza uma educação que seja, equitativa e inclusiva, que seja ainda com aprendizado ao longo da vida, atendendo à garantia dos direitos a educação. O documento apresenta a Educação Especial como sendo “uma modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino”. Sendo esta desenvolvida na escola regular, precisa estar de acordo com todas as disciplinas/áreas ofertadas no sistema de ensino que comtemple a aprendizagem de todos os alunos, e isso incluí o atendimento ao aluno com deficiência. Mas onde a educação física escolar atua nesse processo?
Para responder a essa pergunta, alguns professores relatam suas experiências nas escolas onde atuam. A professora J.D acredita que a educação física é capaz de tornar possível a integração dos alunos com deficiência com os demais colegas: “observo que durante as aulas de educação física minha aluna se permite a encarar os obstáculos, enfrentar suas dificuldades e medos. Percebo que durante a aula, ela interage mais com os colegas, se sente mais parte do grupo”. É possível perceber que nesse depoimento a educação física acaba por assumir um papel de mediação entre o aluno com deficiência e os demais colegas. O processo educacional inclusivo exige conhecimentos e habilidades que possam contribuir para a interação de todos os alunos, colocando em prática suas capacidades de ação, comunicação, relações interpessoais nas diversas dimensões de aprendizagem.
A professora M.A acredita nas potencialidades desenvolvidas por seu aluno durante as atividades: “percebo que as aulas extraem o melhor que meu aluno pode desenvolver, ela não exige apenas as questões cognitivas, pelo contrário, ela busca fazer com que meu aluno se veja capaz de participar das atividades com os demais colegas a partir do que ele consegue fazer, evidenciando o seu potencial para fazer várias coisas sozinho”. Podemos observar o quanto essa disciplina pode contribuir para o processo de autonomia, autoconfiança e até mesmo de autoconhecimento, tornando possível mapear os desenvolvimentos cognitivos e progressões apresentados pelos alunos durante cada aula ministrada.
O professor M.M descreve a educação física como aliada para colocar em prática os limites necessários para a inclusão de seu aluno em sala de aula: “meu aluno apresenta sérios transtornos de condutas de comportamento, exigindo estabelecer limites que contribuam para sua inclusão em sala de aula. Com a ajuda do professor de educação física consigo criar regras nas quais o meu aluno precisa respeitá-las. Essa parceria acontece de forma positiva por se tratar principalmente de uma disciplina na qual meu aluno se identifica sendo possível refletir seus limites aprendidos nas demais disciplinas em sala de aula”. Estabelecer limites necessários é importante para ensinar, aprender e conviver no coletivo. Criar regras permite que todos aprendam a conviver juntos respeitando os espaços e seus pares envolvidos nesse processo. Durante as regras apresentadas nas aulas de educação física é possível criar diálogos para uma construção coletiva de respeito e aprendizagem.
A professora P.K diz que: “a educação física é capaz de extrair o melhor da minha aluna, ela tem Síndrome de Down e apresenta algumas dificuldades de interação social, durante a aula ela fica alegre, consegue mesmo que de forma tímida executar algumas atividades com os colegas o que de certa forma é mais difícil de acontecer em sala de aula nas demais disciplinas”. Observa-se aqui que as relações criadas durante as aulas permitem uma interação social que poderá refletir na formação do cidadão e na efetivação de uma educação de qualidade, equitativa e inclusiva. A importância da Educação Física Escolar para Inclusão de Alunos com Deficiência na escola regular sob o olhar dos professores envolvidos nesse cenário inclusivo a é sem dúvida, essencial.
