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Reflexões sobre o cuidado com o meio ambiente: exemplo de um reciclador mundial

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Compreender os impactos ambientais que produzimos na atualidade, em razão do estilo de vida que adotamos, é de fundamental importância. Muitos países, corporações e pessoas se deram conta disso, e passaram a adotar atitudes de redução do consumo, separação do lixo, reutilização, controle dos resíduos e outras ações mais sustentáveis.

 

Neste sentido, diante dos crescentes e preocupantes impactos ambientais, é urgente, por exemplo, que tomemos consciência e adotemos medidas para reduzir o consumo e a quantidade de lixo produzido, principalmente porque, infelizmente, nem todos os rejeitos são destinados aos aterros sanitários e, muito menos, recebem destino e tratamento adequado. O acúmulo de lixo nos lixões ou vazadouros, bem como em aterros sanitários faz com que sejam gerados gases de efeito estufa, como o metano, que contribuem para a poluição atmosférica e, em consequência, para o aumento da temperatura do planeta. Por sua vez, os lixões ou vazadouros reduzem a qualidade de vida das comunidades que vivem em seu entorno, e impactam negativamente sobre as águas superficiais e subterrâneas, afetando o ambiente de maneira geral. É preciso, no entanto, considerar que apenas a parcela 1% mais rica da população mundial emite mais gases com efeito de estufa do que os 50% mais pobres (ONU, 2023).

 

No artigo Compromisso global para reduzir os plásticos de utilização única (ONU, 2019) consta que um milhão de garrafas plásticas são compradas a cada minuto, e que 500 milhões de sacos plásticos são usados anualmente. Além disso, quase um terço de todas as embalagens de plástico vão para os sistemas de esgotos, e 8 milhões de toneladas acabam nos oceanos todos os anos, ameaçando a vida marinha. Os países europeus apresentam-se como líderes na gestão ambiental de resíduos, como a Suíça (100%), a Suécia (99%), a Áustria (63%), a Alemanha (62%), a Bélgica (58%) e os Países Baixos (51%). Apesar do consumo acima da média mundial, a Suíça é frequentemente citada como um exemplo no campo da reciclagem, devido à excelente gestão do seu sistema de recolhimento, separação e reutilização de resíduos.

 

 

O país possui uma infraestrutura de alto nível, e as autoridades públicas incentivam ativamente qualquer forma de reciclagem, fato que é demonstrado em números: anualmente, são reciclados 128 mil toneladas de equipamentos elétricos e eletrônicos; são gerados aproximadamente 1,7 milhão de toneladas de resíduos biogênicos, sendo que quase metade desses resíduos é coletada separadamente e reciclada por meio de compostagem ou fermentação; são recolhidos 148 kg de papel velho por habitante; e, de roupas e calçados, são recicladas 53.690 toneladas (PRS, 2023; MONTES, 2019). Um fato relevante, na Suíça, é que 0% dos resíduos urbanos são depositados em aterros públicos, pois 52% são reciclados e os restantes 48% são transformados em energia, em instalações de incineração de resíduos.  Além disso, outros dados relevantes são descritos no gráfico que segue.

 

 

Fonte: Adaptado de PRS (2019).

 

A Suíça é responsável por políticas que podem proteger o meio ambiente, mediante, por exemplo, a reciclagem de alumínio: desde a data de 1º de julho de 2008, o preço de venda de cada lata inclui uma contribuição antecipada de um centavo para a reciclagem. Igualmente, um centavo de contribuição antecipada de reciclagem é cobrado em bandejas e tubos de alimentos para animais de estimação. Outro exemplo a ser citado é o descarte de dispositivos elétricos e eletrônicos: os fabricantes e importadores cobram a Contribuição Antecipada para a Reciclagem (CAR, sua sigla em inglês) sobre os aparelhos vendidos, cujo valor arrecadado é repassado aos consumidores por distribuidores e revendedores, e, em troca do pagamento do CAR, o consumidor tem o direito de devolver os seus dispositivos usados, gratuitamente, a revendedores especializados, fabricantes, importadores ou a um centro de descontos.

 

 

Os centros de retomada, em seguida, encaminham os dispositivos para um dos parceiros de reciclagem. Uma vez no reciclador, os dispositivos são desmontados, os componentes que contêm produtos tóxicos são removidos, e as peças restantes são esmagadas, para a recuperação de materiais valiosos. Estes são alguns exemplos de como um país consegue ser um porta-estandarte na gestão de um dos principais problemas mundiais – a crise ambiental (ONU, 2019). Precisamos, portanto, reconhecer que, mediante o extremo consumismo e descarte, que geram impactos negativos ao ambiente e às diferentes formas de vida, somos uma sociedade caracterizada pela intensa e extensa exploração humana e ambiental.

 

 

Mesmo havendo exemplos interessantes de preservação e de reciclagem, estes acabam sendo insignificantes perante os impactos que geramos ao ambiente. De todo modo, é preciso reduzir urgentemente o consumismo, e potencializar maneiras, métodos e ações com vistas ao cuidado ambiental, pois, afinal, os bens naturais são finitos, alguns estão mostrando os seus limites, e temos apenas o Planeta Terra a nos oferecer condições de vida.

 

REFERÊNCIAS

 

MONTES, S. Seis países alrededor del mundo reciclan más del 50% de su basura durante el año. La Republica, 10 Enero 2019. Disponível em: https://www.larepublica.co/responsabilidad-social/seis-paises-alrededor-del-mundo-reciclan-mas-de-50-de-su-basura-durante-el-ano-2813051#:~:text=No%20obstante%2C%20el%20mayor%20progreso,B%C3%A9lgica%20y%20los%20Pa%C3%ADses%20Bajos.

 

ONU. ORGANIZACION DE LAS NACIONES UNIDAS. 2023. Disponível em: https://www.un.org/es/actnow/facts-and-figures.

ONU. ORGANIZACION DE LAS NACIONES UNIDAS. Compromiso mundial para reducir los plásticos de un solo uso. 2019. Disponível em: https://news.un.org/es/story/2019/03/1452961.

 

PRS. PRESENCE SWITZERLAND. Recycling. 2023. Disponível em: https://www.eda.admin.ch/aboutswitzerland/en/home/umwelt/natur/recycling.html.

 

 

Nora León Rodríguez. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Contestado – UNC. E-mail: [email protected]

 

Dr Jairo Marchesan. Docente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado – UNC. E-mail: [email protected]

Equipe A Gazeta Tresbarrense
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