Práticas ambientais, tais como a reciclagem é importante para a constituição e conscientização, bem como para a redução e minimização dos impactos ambientais resultantes das atividades humanas. Afinal, diariamente, no Brasil, por exemplo, produzimos toneladas de resíduos, os quais são, normalmente, conduzidos e depositados em aterros sanitários. Infelizmente, no entanto, outras tantas toneladas são jogadas em terrenos baldios, vazadouros ou lixões a céu aberto, córregos e em outros espaços, gerando graves problemas ambientais, dentre os quais, a poluição ao ambiente, influenciando negativamente a saúde humana e produzindo implicações que prejudicam outras formas de vida.
O crescimento acelerado da população humana, aliado ao modelo de desenvolvimento econômico conduzido pelo modo de produção capitalista, determina intensa campanha em massa para o consumismo. Logo, o lixo e os resíduos domésticos são subprodutos do consumo de bens duráveis e não duráveis que tornaram-se um dos maiores problemas ambientais mundiais. De 1970 a 1990, a produção do lixo aumentou em 25% (UERJ-RJ, 2004). Em geral, quanto maior é o PIB per capita, maior tende a ser a quantidade de lixo produzida.
No Brasil, cada habitante produz aproximadamente um quilo de lixo diariamente, chegando a um total de quase 180 mil toneladas. Desse total, aproximadamente 76% é descartado a céu aberto, 10% em aterros sanitários, menos de 2% vai para usinas de compostagem e incineração, 12% é destinado a aterros controlados, e apenas 3% de todo o lixo produzido no Brasil é reciclado (ZAPPAROLI, 2008). Na cidade de São Paulo, o montante gerado por habitante sobe para 1,2 quilos por dia, sugerindo que uma pessoa que viver 70 anos produzirá 25 mil quilos de lixo ao longo da vida (PROCON-SP, 2007).
Neste aspecto, a Educação Ambiental Formal, aquela exercida nas escolas e em outras instituições, conforme preconiza a Lei Federal 9.795/1999, pode possibilitar a conscientização em relação à produção e destinação correta do lixo (seco, reciclável e reutilizável) e dos rejeitos (aqueles que se decompõem). Além disso, a Educação Ambiental pode fortalecer o vínculo dos alunos com a natureza, sendo uma ferramenta importante para o estimulo à sensibilização ambiental e conscientização ecológica acerca das necessárias mudanças de hábito para perpetrar a melhoria da qualidade de vida. Como os alunos estão em fase de aprendizado, essa é uma das melhores etapas para promover a aprendizagem e a possibilidade de mudanças de hábitos e atitudes.
Podemos e precisamos trabalhar, principalmente nas escolas, as questões ambientais de forma ampla, dialética, interdisciplinar e transversal, onde os alunos possam compreender holisticamente as relações e contradições humanas que se estabelecem na sociedade, entre si e desta com o ambiente. Além disso, promover a sensibilização e constituir consciências que poderão desencadear práticas cotidianas e mais sustentáveis. Nesta direção, os estudantes, empoderados de tais concepções, poderão conceber e iniciar práticas ambientais como a construção de composteiras escolares, o aproveitamento da água da chuva, a revitalização de espaços escolares, o plantio de árvores e construção de bosques, a separação e destino adequado do lixo, o encaminhamento dos resíduos para composteiras e a intensificação das práticas dos 5 Rs (Repensar, Reduzir, Rejeitar, Reciclar e Reutilizar), dentre outros.
É importante salientar que estes e outros temas podem ter uma orientação vinculada aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Precisamos trabalhar as questões ambientais nas bases da sociedade, especialmente na escola, mediante a Educação Formal, em dimensões democráticas, éticas e sustentáveis, buscando reduzir ao máximo a produção de rejeitos, na perspectiva da qualidade ambiental para as gerações futuras. Temos a obrigação de proteger e melhorar o ambiente para oferecermos melhores condições para as gerações presentes e futuras. Nesta direção, o conceito de sustentabilidade deve permear toda e qualquer atividade humana, com o objetivo de permitir maior equilíbrio ambiental, social, econômico e ético, e a escola é o espaço adequado e privilegiado para esse exercício de pensar, refletir, conhecer, compreender e agir em prol das nossas relações com o ambiente, potencializando práticas sociais para melhorar o ambiente.
REFERÊNCIAS
ROSSATO, Ivete Fatima. Trabalho de educação ambiental para conscientizar sobre a importância da reciclagem para preservação do meio ambiente, 2014. Disponível em: https://portaldeperiodicos.animaeducacao.com.br/index.php/gestao_ambiental/article/view/2166/1584. Acesso em: 1º mar. 2023.
EFFTING, Tânia Regina. Educação ambiental nas escolas públicas: realidade e desafios. 2007. Disponível em: https://www.terrabrasilis.org.br/ecotecadigital/pdf/autoresind/EducacaoAmbientalNasEscolasPublicasRealidadeEDesafios.pdf. Acesso em: 3 mar. 2023.
GOMES, Magno Federici. Políticas públicas e os objetivos do desenvolvimento sustentável. 2018. Disponível em: file:///C:/Users/Propriet%C3%A1rio/Downloads/667-Texto%20do%20artigo-3023-1-10-20181203.pdf. Acesso em: 7 mar. 2023.
Thomas Felipe Bianek Barbosa. Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional pela Universidade do Contestado – UNC. E-mail: [email protected]
Dr. Jairo Marchesan. Docente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado (UNC).
E-mail: [email protected]