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Prestes a completar oitenta anos, Escola General Osório sofre com falta de alunos

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Com 256 alunos matriculados hoje, escola de educação básica tem capacidade para 800

 

 

Em 2019, a Escola de Educação Básica General Osório, de Três Barras, completa 80 anos. Por lá passou boa parte dos tresbarrenses. Uma série de fatores colocam hoje em risco o futuro da escola.

 

Situada no centro de Três Barras, somente este motivo já suscita a ideia de que a procura pela escola é grande, mas em se tratando de Três Barras, que tem a maior parte de sua população concentrada nos bairros, não é requisito. “Estamos situados em um local de idosos. Dependemos de bairros vizinhos, mas a distância e a lei de zoneamento nos prejudicam”, explica a diretora Janaína dos Santos Bueno.

 

A Lei do Zoneamento obriga os pais a matricularem seus filhos na escola mais próxima de casa.

 

Dessa forma, com capacidade para 800 alunos, a General Osório hoje tem 256. O Estado, que administra a escola, já sinalizou com o desejo de fechá-la. A ideia seria colocá-la no programa que prevê o fechamento gradativo da escola que oferece ensino fundamental e médio. Dessa forma, no primeiro ano não seria mais ofertada turma de 1º ano do ensino fundamental, no segundo, de 2º ano e, assim, sucessivamente, até o fechamento total da escola.

 

 

A esperança da diretora e dos professores é que o Município aceite encampar, pelo menos, o ensino fundamental, a exemplo do que vem acontecendo nos últimos anos conforme lei federal que definiu que até 2020 o ensino fundamental tem de ser de competência dos municípios e o médio dos Estados. “Sabemos que o Município tem muitos alunos, o General poderia ajudar a desafogar outras escolas. O ideal seria uma gestão compartilhada entre Estado e Município”, afirma Janaína, observando que o Município teria de disponibilizar ônibus para trazer estudantes de outras escolas para o General.

 

 

Segundo o secretário de Educação de Três Barras, Antonio Tsunoda, o Município chegou a conversar com a então gerente de Educação de Canoinhas, Celina Muraro, sobre a intenção de encampar o ensino fundamental da General Osório. Logo em seguida houve o desmonte da Gerência Regional de Educação de Canoinhas, inclusive com a demissão de Celina, o que travou o diálogo com o Estado. A intenção seria de tornar a General Osório uma unidade de ensino pré-escolar, atendendo a crianças de todo o Município, mas Tsunoda admite que não houve avanço na intenção.

 

 

Sobre a obrigação do Município encampar o ensino fundamental das escolas estaduais, Tsunoda diz que isso se dará de forma tranquila, porque as escolas municipais têm capacidade para absorver esses alunos.

 

 

 

VANDALISMO

Além da falta de alunos, a General Osório enfrenta outro problema. Vândalos têm agido na escola nos últimos meses. No fim de julho, eles subiram o telhado para furtar a fiação elétrica da escola. Por causa disso, várias repartições da General Osório ficaram sem energia elétrica até a semana passada, quando o Estado mandou uma empresa para fazer os reparos.

 

Na semana passada, a cozinha da escola foi invadida. Os bandidos desligaram o alarme da escola e usaram novamente o telhado para chegar até a cozinha e, assim, escapar das câmeras de segurança.

 

 

História construída por muitas mãos

Sempre que você se deparar com uma lista de notáveis de Três Barras, pode ter certeza de que a base de sua educação invariavelmente passou pelo maior colégio da cidade. Inaugurado em 24 de maio de 1939, portanto antes mesmo de Três Barras se dar por cidade (à época distrito de Canoinhas), a Escola de Educação Básica General Osório é símbolo da educação tresbarrense. Por ali passaram gerações de famílias inteiras como é o caso dos Souza. De irmãos, somente José Francisco de Souza ainda está na escola, mas na condição de professor e bibliotecário. José fez o ginasial na General Osório entre as décadas de 1960 e 1970. Tem boas lembranças daquela época. Ele conta que havia separação entre meninos e meninas na hora do recreio. Cada sexo tinha seu lado. Somente as aulas eram mistas. Antes de entrar na sala, os alunos precisavam fazer fila e ai daquele que não estivesse com o uniforme impecável composto de saia, camisa e gravata para as meninas e camisa, calça de tergal, sapatos e meias pretas para os meninos. “Tinha de voltar para casa e trocar de roupa”, conta José.

 

 

Nelide Maria Figueiredo é a diretora da qual José mais lembra. “Ela era rígida, não dava para sair da linha”, conta entre risos.

 

 

Em 1980, depois de formado no Colégio Comercial, José conheceu o outro lado do ensino. Voltou ao General para ministrar aulas de geografia e história nos anos 1980.

 

 

Ele conta que as aulas se estendiam até os sábados, dias em que geralmente eram realizadas as horas cívicas, com apresentações culturais como teatros e declamações de poesias.

 

 

Sobre a mudança radical do perfil dos alunos, hoje muito mais ousados e à vontade com os professores, José se lembra do que sempre ouvia do pai. “Ele sempre dizia que o estudo nos garantiria um futuro brilhante”, reafirmando o papel decisivo da família no empenho do aluno e respeito pelo professor.

 

 

PROFESSORAS

Jamile Uba, que trabalhou como professora do General Osório entre 1954 e 1979 concorda que a desestruturação das famílias contribuiu decisivamente para os problemas enfrentados hoje pelos professores para ensinar. Quando trabalhou no General, os alunos tinham grande respeito pelos professores. “Recordo que os professores cobravam dos alunos até a frequência nas missas de domingo”, conta. Além das filas, mencionadas por José, antes de entrar em sala, Jamile lembra das orações, obrigatórias antes do início da aula. “Acho que hoje estão proibidas né?”, pergunta.

 

 

Abigail Bishop, que ministrou aulas de ciências e foi orientadora de atividades complementares do General entre 1949 e 1978, também diz que tem boas lembranças do Colégio. Como atividades complementares subentenda-se cultura em geral. Havia ainda um pelotão da saúde, capitaneado por Abigail. Alunos aprendiam noções básicas de enfermagem para cuidar dos colegas quando eventuais ferimentos ocorriam. Foi Abigail, também, a responsável pela publicação dos jornaizinhos da escola, publicações sazonais que traziam informações da General. O carinho que ela tem pela escola se traduz em cadernos de recordação que coleciona, nos quais têm registrado assinaturas e recadinhos de seus ex-alunos, hoje homens e mulheres divididos nas mais variadas profissões e ocupações.

 

 

CURIOSIDADES

 

  • O primeiro diretor do General Osório foi Júlio Cantizano, natural de Biguaçu-SC
  • Os desfiles de 7 de setembro saíam da escola e se encerravam no Estádio do Três Barras Esporte Clube (no Campo de Instruções Marechal Hermes)
  • As horas cívicas aconteciam no sábado pela manhã, quando cantavam-se hinos, declamavam-se poesias e eram sorteados ingressos para o cinema de domingo
  • Os piqueniques e as sessões de cinema no dia 12 de outubro eram tradicionais
  • Abigail Bishop era a responsável por organizar as formaturas do Colégio, que eram realizadas, geralmente, no cinema da Lumber
  • O uniforme tinha o emblema da escola bordado no bolso da camisa branca
  • O ex-deputado federal Chico da Princesa estudou na General Osório da 1.ª a 8.ª série
  • Há 10 anos, em 2009, cerca de 600 alunos estudam na General Osório, que recebeu reforma completa naquele ano
  • O General é um dos últimos colégios da região a oferecer ensino fundamental e médio.

 

 

Quem foi General Osório?

Manuel Luís Osório, ou simplesmente general Osório, é patrono da Arma de Cavalaria do Exército Brasileiro.

 

Nasceu em Nossa Senhora da Conceição do Arroio, atual cidade de Osório, no Rio Grande do Sul, em 10 de maio de 1808 e faleceu no Rio de Janeiro em 4 de outubro de 1879.

 

Com apenas 14 anos, ingressou no Batalhão da guerra pela independência, combatendo os portugueses que eram contra as decisões de Dom Pedro 1.º. Foi vitorioso na Batalha do Tuiuti em 24 de maio 1866, quando o Brasil estava em guerra com o Paraguai.  A data coincide com a inauguração da escola, daí o nome dado pelo governo getulista. Osório é considerado um dos heróis da Guerra do Paraguai. Chegou a barão, visconde, marquês, marechal do Exército e ministro da Guerra.

 

 

 

 

fonte: Jmais

 

Equipe Gazeta
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