Pensar e debater sobre a importância social, ambiental e econômica das árvores é uma das formas de nos conectarmos mais intensamente com o ambiente. E, neste sentido, hoje abordaremos sobre uma crescente prática entre os habitantes tanto urbanos quanto rurais: o cultivo de pomares. Além das inúmeras recomendações sobre a importância do consumo de frutas para uma alimentação saudável, profissionais da saúde afirmam que o ato de plantar árvores ou colher frutos diretamente do pé é uma das atividades que trazem felicidade às pessoas, melhora a autoestima, a saúde e a qualidade de vida.
Além do bem-estar e satisfação no processo de cultivo de árvores frutíferas, as mesmas podem gerar renda. Observa-se que, atualmente, vários produtores de frutas, mesmo os que possuem pequenas áreas de cultivo, as colhem para o consumo próprio, e também comercializam o excedente da colheita em supermercados, feiras ou diretamente para consumidores visitantes da propriedade. Além disso, algumas empresas de beneficiamento de alimentos adquirem parcela da produção, a qual é transformada em diversos subprodutos, como geleias, sucos, polpas etc.
Outro aspecto explorado em algumas propriedades rurais é o ecoturismo, onde os visitantes têm a oportunidade de realizar a colheita de diferentes frutos, degustá-los e sentirem o ambiente físico natural. Em algumas escolas, por exemplo, a formação de pomares tem sido incentivada por estar intimamente relacionada às atividades de educação ambiental e ressignificação da relação com o ambiente. Por conta destes e outros fatores, vários municípios do Brasil estão criando projetos de incentivo à formação de pomares em escolas, praças e propriedades particulares, tanto urbanas quanto rurais.
Para obter uma produção satisfatória, alguns cuidados simples, mas importantes, devem ser observados desde a implantação do pomar até a produção das frutas, de forma que as árvores sejam saudáveis. Esses cuidados englobam atividades de adubação, irrigação, podas, capina e controle de eventuais pragas. Uma das primeiras observações a serem feitas é a escolha do local, ou seja, optar por locais que recebam as maiores incidências de sol, o que aumentará a taxa de fotossíntese das plantas e, consequentemente, melhor desenvolvimento destas, deixando-as aptas à produção de frutos.
Após a escolha do local, o próximo passo é a análise do solo, para então adequar a adubação e outras características. Para isso, a assessoria de um profissional especializado pode ser importante. Na sequência vem a escolha das mudas de árvore que formarão o pomar. A boa genética e a ausência de pragas e de doenças influenciarão diretamente na produção das frutas. Quando o solo estiver adequado e as mudas saudáveis, o próximo passo é a irrigação. O fornecimento de água em quantidade adequada permitirá que a planta se desenvolva de forma eficaz. Desta maneira será iniciado o pomar, no entanto, para que este produza frutos de qualidade é necessário estar atento à manutenção desse espaço e de seus integrantes.
Uma das observações necessárias é o controle de ervas daninhas, que pode ser realizado através de capina, alelopatia (controle de crescimento de plantas por outras plantas), desbaste e outros. O leitor que nos acompanha já deve estar pensando sobre um outro fator importantíssimo para a produção de frutos, e sobre o qual tecemos recentemente: as abelhas! Insetos polinizadores são primordiais para o sucesso da produtividade de um pomar e também para melhor qualidade dos frutos.
As condições climáticas também são fatores importantes, pois podem interferir no bom desenvolvimento das plantas. Algumas espécies, por exemplo, não se adaptam aos ambientes com muito vento, e desta forma é necessário ter os chamados “quebra-ventos”, que são áreas com árvores de maior porte, plantadas estrategicamente para formar barreiras e diminuir a incidência de ventos fortes nas fruteiras, evitando o estresse das plantações ou mesmo a quebra de ramos e a queda de frutos.
Do ponto de vista ambiental, os pomares possuem importantes funções ecossistêmicas, como por exemplo fazer a cobertura do solo, evitar a erosão, produção de alimentos, e contribuir para a interação entre fauna e flora. Além disso, as folhas e galhos secos que caem sobre o solo enriquecem a serapilheira, onde há grande diversidade de insetos que compõem a entomofauna do solo e auxiliam no processo de decomposição e incorporação dos restos vegetais na adubação do solo. Para aves e mamíferos, os pomares podem ser locais de nidificação, e também são fontes ricas de alimentos, e por esta razão é importante que diferentes espécies de árvores frutíferas sejam preferidas, ao invés da monocultura.
Exemplos das árvores mais comuns em pomares são as bananeiras, laranjeiras, mamoeiros, pessegueiros, mangueiras, videiras, goiabeiras, macieiras e tantas outras. E então, já pensou na construção de um belo pomar? Imagina ou sabes o que plantar? Afinal, quem planta, tende a colher e viver melhor! Se tens pomar: o que podes fazer para melhorar e produzir mais e melhor? Imagine: árvores, frutos, interação fauna e flora, trabalho, alimentos, saúde, bem-estar, renda e tudo mais! Que tal?
Patrique Savi – Engenheiro Ambiental e Sanitarista – Egresso da Universidade do Contestado (UnC). E-mail: [email protected].
Jairo Marchesan, Aline Viancelli e William Michelon – Docentes do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado (UnC).
