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O sistema de organização social sertanejo

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Em meados dos anos 1900 as zonas rurais integravam-se em vilas ou fora delas, através de uma séria de contatos humanos que se processavam de acordo com uma rígida hierarquia social.

 

 

As relações que se estabeleciam por toda parte no processo da produção rotineira dos bens podiam ser caracterizadas pela preponderância dos laços de dependência pessoal que prendiam a grande massa dos sertanejos a um limitado número de grandes proprietários rurais.

 

 

A diferença de condição entre o proprietário e o camponês era e é de tal sorte manifesta que suas relações em muito se assemelham às que deveriam existir entre escravos e senhor.

 

 

Em todo e qualquer lugar havia e era reconhecido um esquema básico de hierarquia social, expresso numa escala de posições típicas dentro da sociedade, em relação às quais sempre se encontravam pontos de referência para avaliar o prestígio, inclusive, daqueles indivíduos que desempenhavam as ocupações mais raras. De acordo com a terminologia indicada por Maurício Vinhas de Queiroz, assim se escalonava a sociedade sertaneja:

 

  1. Coronéis;
  2. Fazendeiros;
  3. Criadores ou meio-fazendeiros;
  4. Lavradores;
  5. Agregados;
  6. Peões.

Os Coronéis eram os chefes políticos dos municípios, os quais eram estreitamente vinculados, por laços de colaboração e ajuda mútua aos demais coronéis da área e ao governo do respectivo Estado. Todo coronal era, via de regra, um dos maiores fazendeiros de sua zona de influência.

 

 

Para manter prestígio os coronéis muniam-se de dezenas de homens armados prontos a executar suas ordens, ou, no mínimo, ser capaz de em momentos de crise, um piquete de civis.

 

 

Logo abaixo dos coronéis, encontravam-se os fazendeiros em geral. No entanto, para ser considerado fazendeiro era necessário centenas ou milhares de cabeças de gado e uma grande extensão territorial. Em condições normais, o fazendeiro aparecia como o chefe reconhecido de um grupo do qual faziam parte sua mulher, filhos, agregados, capangas e peões. Nessa direção os laços de compadrio eram de fundamental importância, na medida em que ligavam ainda mais o fazendeiro ao pessoal que não pertencia à própria família. Para o fazendeiro fortalecia seus aliados, para o camponês significava alguma proteção.

 

 

Havia também os meio fazendeiros ou criadores, que consistiam naqueles em que a propriedade de cabeças de gado contavam-se apenas por dezenas ou poucas centenas, e que a propriedade não passava de alguns poucos alqueires, tradicionalmente negociantes do gado de corte.

 

 

Abaixo dos criadores achavam-se os lavradores. Nessa categoria incluíam-se os caboclos que viviam de suas roças, geralmente em posses afastadas dos centros e os pequenos plantadores de tabaco e criadores de porcos, assim como, grande massa dos colonos estrangeiros.

 

 

Já os agregados construíam seus ranchos pelos campos das fazendas e lá viviam, obrigados a serviços gratuitos prestados ao senhor, em troca de um trato de terra onde plantavam. A sua posse geralmente era de duas ou três vacas leiteiras e uma roça plantada nas terras do patrão e que a mulher cuidava, pois, o agregado ficava intensamente atarefado com os serviços que prestava em troca da moradia. Sua pobreza era permanente.

 

 

Mal se distinguindo da massa dos agregados, os peões encontravam-se por toda parte: nas fazendas de gado, na coleta da erva mate, no corte da madeira, na condução de tropas, onde quer que se exigisse trabalho presado. Via de regra não possuíam mulher ou filhos e não haviam residência fixa. Quanto não trabalhavam apenas pela comida ou um local de pernoite, recebiam salários irrisórios.

 

 

Os peões das fazendas de gado tinham lugar que lembrava mais a condição de escravos domésticos do que a condição de trabalhador do campo. Grande massa destes camponeses uniram-se à rebelião do Contestado, na tentativa de ter uma vida melhor, que se expressou, de certa forma, pelo trabalho comunitário.

 

Évelyn Bueno. Advogada. Mestranda em Desenvolvimento Regional.

 

*Texto retirado da obra Messianismo e Conflito Social do autor Maurício Vinhas de Queiroz, com adaptações.

 

Equipe Gazeta
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