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O combate ao moralismo que combate…

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Nada.

 

Nos últimos dias mais e mais temos acompanhado uma espécie de moralização do cumprimento da quarentena. Quarentena essa que não é exagero dizer que nunca existiu de fato.

 

Alguns dirão “Ah, mas peraí, em alguns momentos a taxa de isolamento chegou a tantos porcento nas capitais e etc”, e realmente, houve um momento em que parecia que as pessoas realmente se tocariam da gravidade da questão e acatariam as orientações das autoridades de saúde globais.

 

Mas havia uma pedra no meio do caminho.

 

Desde o início da pandemia nós sofremos com a completa ausência de governo federal. O círculo de poder que teria de fato o poder de coordenar campanhas e fazer o isolamento não apenas possível como uma realidade, este círculo de poder não apenas ficou quieto, mas agiu contra qualquer bom senso.

 

Compreendemos que há uma guerrilha de narrativas sobre isso, mas o resumo da ópera — em geral — é o seguinte: o governo federal, que teria competência e meios de coordenar e guiar o combate aos efeitos da pandemia, fez NADA até agora. No máximo culpou governadores e prefeitos por fazerem justamente o que o próprio governo federal deveria ter feito.

 

E é justamente por aí que caminharemos. A questão de IDEOLOGIA é algo complexo e que não vale a pena a gente ficar debatendo agora (mas vai acontecer, vai acontecer). Porém é algo que não podemos deixar de lado.

 

O que vemos no brasil desde 2013 é um reflexo de opções e condutas ideológicas, por mais que muita gente vá te dizer que não. Percebam: a opção dos governos por fortalecer políticas de “empreendedorismo” vs. políticas de emprego pleno, estável e com direitos é, pra resumir em uma palavra: IDEOLOGIA. Essa ideologia, que veio de mansinho, tomou tamanho espaço que hoje parece loucura defender emprego estável, com direitos e garantias legais.

 

Bom, da mesma forma, a negação do isolamento veio aos poucos, inclusive com alguma resistência por parte dos trabalhadores. E essa negação veio de locais extremamente específicos: o governo federal e setores do empresariado que apoiaram o governo. O discurso de negação? De que as pessoas precisavam trabalhar pra não “morrerem de fome”.

 

Cabe aqui uma “denúncia” que parece ter sido solenemente esquecida: a crise econômica já estava entre nós antes mesmo de a pandemia chegar em Pindorama (lembram do “pibinho”?).

 

Pois bem, o governo insistiu em sua política de morte. O acesso ao auxílio é proporcionalmente mais difícil conforme a necessidade do auxílio aumenta. Militares, madames, empresários, latifundiários conseguiram o auxílio. Ao passo que na base da pirâmide social, o acesso ao auxílio foi escasso.

 

E aqui é importante que a gente estabeleça uma coisa: O governo também sacaneou sabe quem? O micro e pequeno empreendedor. Porque este era o momento de o governo liberar dinheiro sem necessidades de garantia, sem juros, pra SALVAR o empreendedor que esta ideologia liberal ajudou a criar.

 

Mas a opção do governo foi, claramente, por ajudar as grandes empresas. E isso saiu da boca do próprio ministro da economia, na já famigerada reunião ministerial.

 

Tentando resumir bem, o que queremos dizer com tudo que passou até agora no texto é: o governo abandonou as pessoas, o governo abandonou as micro e pequenas empresas, o governo abandonou o micro empreendedor individual. Curiosamente, é justamente a união desses grupos que forma algo que o presidente diz defender: o povo.

 

Forçados a voltar ao trabalho, tanto trabalhadores quanto pequenos empresários estamos diariamente perdendo inclusive nossa sensibilidade com relação às mortes e infecções pelo Sars-CoV-2. É muito mais uma consequência da realidade material onde vivemos do que a causa do desrespeito ao isolamento.

 

Recusamos também a ideia amplamente difundida de que estamos vivendo uma guerra de informação. Não se trata de uma guerra, mas de uma guerrilha. Constantemente a extrema direita visa derrubar a credibilidade da imprensa, dos órgãos internacionais, dos movimentos sociais e partidos de esquerda (desde os radicais até a centro-esquerda pró-capitalismo). E o brasileiro, empreendedor ou empregado, é uma vítima.

 

Somos, todo e cada um brasileiro, vítimas desta falta de governo, falta de coordenação de informações, de projetos e de resoluções de problemas. E precisamos deixar de lado essa questão moralista de “cada um tem que fazer a sua parte” pelo seguinte motivo:

 

PRA CADA UM FAZER “A SUA PARTE” É PRECISO QUE AS PRÉ CONDIÇÕES MATERIAIS ESTEJAM DEVIDAMENTE ESTABELECIDAS E RESPEITADAS.

 

Imagine-se em um local onde não há coleta seletiva de lixo. Neste local, todo o lixo coletado será levado a um “lixão”, sem qualquer separação. Neste contexto, você julgaria o seu vizinho por não separar o lixo em casa? E, julgando ele, você acha que estaria promovendo alguma melhora na condição geral? Pois a nossa resposta é: não. É necessário que, antes do julgamento moral, o governo forneça uma coleta seletiva de qualidade.

 

Percebam que não estamos justificando as pessoas que saem às ruas pra se divertir, ir em festas, fazer aglomerações sem sentido ou qualquer coisa dessas. Mas precisamos questionar qual a lógica em cobrar unicamente da população, se aqueles que mais tem responsabilidade nada fazem.

 

A mesma lógica pode se aplicar agora à questão da quarentena. Como é que julgaremos a moralidade do trabalhador que sai à rua, se o conjunto dos trabalhadores e pequenos empresários é também forçado pelas elites a constantemente desobedecer o isolamento?

 

Reparem: a nossa luta de classes é contra uma elite que pode de fato praticar o seu isolamento sem perder renda, nem condições materiais de vida.

 

E nesta luta, tanto trabalhadores quanto pequenos empresários somos vítimas.

 

E nos parece que já é hora de direcionar as críticas ao lugar certo, e o lugar certo de direcionar críticas é sempre o lugar de onde emana a violência que agora estamos sofrendo.

 

Já são 50 mil mortos, mais de 1 milhão de casos de covid-19, e estamos há mais de mês sem ministro da saúde. Nós, trabalhadores e pequenos empresários, expostos ao risco, somos vítimas.

 

Já temos aproximadamente 13 milhões de pessoas sem emprego e outras 40 milhões trabalhando em regimes precarizados, mas a ajuda econômica ficou restrita aos bancos, que não facilitaram o acesso ao auxílio e a empréstimos justos aos empresários. E nós, trabalhadores e pequenos empresários, expostos ao risco financeiro, somos vítimas.

 

Bolsonaro, até aqui, demonstrou que a única coisa que sabe fazer é abandonar qualquer um que não esteja cegamente ao seu lado. Desde aqueles que discordaram pouco até aqueles que o apoiaram cegamente, ele abandona e abandonará a cada um que não estiver obedecendo cegamente. Chamado de capitão por todo o lado onde vai, não trouxe em momento algum a capacidade de liderança que se esperaria de um oficial do exército brasileiro.

 

Não podemos ser inocentes em acreditar que ele foi corrompido. Bolsonaro é o que é. E isso pode ser engraçadinho nos vídeos do ZAP, mas a realidade é um negócio fantástico porque ela dá na nossa cara sem qualquer aviso. Bolsonaro ainda é o mesmo militar que quase foi expulso do exército por planejar explodir instalações… do exército. Bolsonaro é um criminoso.

 

NÓS, TRABALHADORES E PEQUENOS EMPRESÁRIOS, SOMOS AS VÍTIMAS

Equipe Gazeta
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