MODERNIDADE LÍQUIDA: MUITA INFORMAÇÃO E POUCO CONHECIMENTO
Zygmunt Bauman foi um importante sociólogo polonês preocupado em compreender a modernidade diante do contexto social. O autor, baseado nas suas mais diversas obras e especialmente no livro Modernidade Líquida[1], afirmou que a contemporaneidade está pautada em vivências totalmente efêmeras. Na perspectiva do sociólogo referido, nada é feito para durar por muito tempo, pois os sentimentos e convívios atuais são tão fluídos quanto a água no estado líquido.
Para Bauman, é muito complexo idealizar o futuro de uma sociedade que se encontra desnorteada diante de tantas informações. O velho polonês chamava tudo isso de “Interregno”, ou seja, o período de intervalo entre dois reinados diferentes. Em uma analogia breve, os dois reinados citados pelo mesmo podem ser comparados entre a modernidade sólida e a modernidade líquida. A primeira era linear, previsível e dura como algo complicado de ser modificado. Já a segunda é compreendida como um contexto social fluído e dinâmico, totalmente desordenado, complexo e nunca vivenciado, ou seja, imprevisível.
No entanto, pensar em uma sociedade no sentido líquido gera algumas preocupações, justamente pela falta de entendimento da atual vivência. Historicamente, não demorou muito para o final do século XIX e início do século XXI despejarem uma enxurrada de informações através da internet e tecnologias derivadas. Com isso, muitas ideias e “saberes” surgiram dos mais diversos cantos do mundo, e o homem moderno (aquele que se sente privilegiado por tudo isso), pouco percebeu que na verdade vive um caos diário.
O cenário caótico do homem moderno é simples de ser descrito, basta pesquisar o conceito de algum termo na internet. Desconsiderando a prolixidade que será encontrada, ainda se enfrentará a polissemia e a incerteza da veracidade. Não há mais uma garantia de conhecimento, pois o senso comum está disfarçado de saber científico.
O pior de tudo isso, como o velho Bauman alertou, é que não há uma “eficácia” no combate à desinformação, isso é, não se sabe o que poderá acontecer futuramente. Em uma perspectiva mais pessimista, imagina-se que apenas acontecerá o que sempre aconteceu. Basicamente, o problema ficará como uma pedra na estrada, atrapalhando todos que futuramente passarem e só ganhará notoriedade quando alguém cair um tombo e quebrar os dentes.
Apesar da ironia descrita, tudo isso é muito maior que uma simples queda, pois, em perspectivas globais, a queda poderia ser uma tragédia, ou até quem sabe uma nova ascensão nazista. Não é exagero afirmar tal distopia, afinal, há sites e até mesmo “estudiosos” que negam o holocausto até hoje. Sem contar é claro, do absurdo em ascensão que é a crença na terra plana. Logo, a única esperança diante do absurdo relatado é refinar os saberes do cotidiano. Afinal, de senso comum mascarado como conhecimento científico o mundo está farto.
Alexandre Henrique Germano é acadêmico da segunda fase do curso de Direito na Universidade do Contestado – Campus Mafra/SC e estagiário na Prefeitura Municipal de Itaiópolis/SC.
[1] BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 20
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