O ex-presidente Michel Temer (MDB) foi preso na manhã desta quinta-feira (21) pela força-tarefa da operação Lava Jato. O mandado foi cumprido na casa do ex-presidente, em Pinheiros, na zona Oeste de São Paulo.
As informações são do jornal O Globo e do jornal O Estado de São Paulo.
Os agentes ainda cumpriram um mandado de prisão contra o ex-ministro Moreira Franco, de Minas e Energia, no Rio de Janeiro.
Um mandado de prisão contra o ex-ministro Eliseu Padilha, da Casa Civil, ainda permanece em aberto. Buscas e apreensões estão sendo realizadas pela PF em endereços ligados ao coronel João Baptista Lima Filho, em São Paulo, apontado por delatores como operador do ex-presidente.
Temer foi levado ao Aeroporto de Guarulhos sob escolta policial, de onde viajará ao Rio de Janeiro em um avião da Polícia Federal. A decolagem está prevista para acontecer entre 13h e 13h30.
Os mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. A PF estava desde quarta-feira (20) tentando rastrear Temer e confirmar sua localização e, por isso, segundo o G1, a operação atrasou.
OPERAÇÃO RADIOATIVIDADE
A operação desta quinta decorre da Operação Radioatividade, que teve por base as delações do empresário José Antunes Sobrinho, ligado à Engevix, e do corretor Lucio Funaro, conhecido por ser operador de políticos do MDB, segundo o jornal O Estado de São Paulo.
Sobrinho falou à PF em seu acordo de delação sobre “pagamentos indevidos” que somam R$ 1,1 milhão, em 2014, solicitados pelo coronel Lima e pelo então ministro Moreira Franco, com anuência de Temer, em troca de contratos para obras da Usina Angra 3.
Em setembro do ano passado, Temer afirmou à Revista Época que não estava preocupado com a possibilidade de uma eventual prisão. “Não estou preocupado com esse assunto (ser preso). Até porque chicotear o presidente é uma coisa. Já o ex-presidente não vai ter muita graça”.
DEFESA
O advogado Eduardo Carnelós, que defende Michel Temer, afirmou ao jornal O Estado de São Paulo que a prisão do ex-presidente “é uma barbaridade”.
Em nota, o MDB criticou a prisão de Temer. “O MDB lamenta a postura açodada da Justiça à revelia do andamento de um inquérito em que foi demonstrado que não há irregularidade por parte do ex-presidente da República, Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco. O MDB espera que a Justiça restabeleça as liberdades individuais, a presunção de inocência, o direito ao contraditório e o direito de defesa”.
DEZ INQUÉRITOS
Temer responde a dez inquéritos, dos quais cinco deles tramitam no STF (Supremo Tribunal Federal) por terem sido abertos à época em que era presidente da República. Esses cinco foram encaminhados aos tribunais de primeira instância depois que ele deixou o cargo.
Os outros cinco inquéritos foram autorizados pelo ministro Luís Roberto Barroso neste ano, quando Temer já havia perdido o foro privilegiado. Por isso, assim que deu a autorização, o Barroso enviou os inquéritos para a primeira instância.