InícioCegueira e SolidariedadeJosé Antônio Lutzenberger: visão e sensibilidade ambiental

José Antônio Lutzenberger: visão e sensibilidade ambiental

Últimas notícias

Guerra Mundial: entenda riscos de conflito entre Israel e Irã

O risco de uma nova guerra mundial existe caso...

Parada 120 – Hamburgueria artesanal em Três Barras

Conheça o melhor delivery de hambúrgueres artesanais de Três...

Senado aprova isenção de IR para quem ganha até dois salários mínimos

O Senado aprovou nesta quarta-feira (17) o projeto de...

José Antonio Lutzenberger era filho de imigrantes alemães, nasceu em Porto Alegre – RS, em 17 de dezembro de 1926. Estudou em escolas renomadas da capital gaúcha. Sua formação superior foi na Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), concluída no ano de 1950. Portanto, foi um engenheiro agrônomo, escritor, paisagista e defensor da natureza.

 

 

Buscou aperfeiçoamento nos Estados Unidos da América, e, posteriormente, retornando ao Brasil, teve uma breve passagem pela Companhia Riograndense de Adubos, sendo, na sequência, contratado pela BASF Agroquímica, transferindo-se para a Alemanha. Entre 1967 e 1970 atuou como responsável pelo Departamento Técnico da mesma empresa, em países africanos.

 

 

Observando as implicações ao meio ambiente e a saúde da população, causadas pelo uso de agrotóxicos nas comunidades tradicionais dos países africanos, passou por um dilema pessoal e profissional, por entender que esse modelo de prática agrícola caracterizava-se pela destruição dos bens naturais.

 

 

Diante disso, decide abandonar o seu trabalho, retornando ao Brasil, e, em 1971, juntamente com outros ambientalistas renomados, funda a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), sendo esta a primeira Organização Não Governamental (ONG) do Brasil, dedicada às questões ambientais. Foi crítico ferrenho de diversas práticas implementadas pela gestão pública de Porto Alegre e do próprio Estado do Rio Grande do Sul.

 

 

Com a emergência da problemática ambiental em nível global, no ano de 1990 José Lutzemberger assume posto relevante, como assessor da recente fundada Secretaria Especial do Meio Ambiente da Presidência da República, do governo de Fernando Collor de Melo. Como escritor, publicou vários artigos, diversas obras, como: Gaia “O Planeta Vivo” (1990), e obras póstumas – Sinfonia Inacabada (2004), Crítica Ecológica do Pensamento Econômico (2009).

 

 

José Lutzenberger também mantinha intercâmbio permanente com técnicos, pesquisadores e universidades diversas.

 

 

Considerando a nova ordem ambiental global, em 1979, Lutzenberger funda duas empresas: a Vida Produtos Biológicos Ltda. – especializada em reciclagem de resíduos sólidos industriais – e a Tecnologia Convivial Ltda. – voltada à execução de projetos de paisagismo, urbanismo, clínica botânica e saneamento natural, visando atender à notável demanda por parte de empresas, cujo intuito era introduzir sistemas de gestão ambiental.

 

 

Devido ao privilégio da localização geográfica do Brasil, também foi defensor da implementação de energias limpas – como a eólica e solar -, em detrimento da energia atômica e termoelétrica. Inclusive, realizou protestos pela construção da Hidrelétrica de Itaipu, considerando o desaparecimento das sete quedas do Rio Paraná (fator importante na oxigenação), como também, o alagamento de terras férteis e o consequente impacto ambiental e social. Participou da elaboração de leis visando estabelecer critérios técnicos e de cuidados a o ambiente quanto ao uso de agrotóxicos, pelos danos que os mesmos causam à saúde humana e ao meio ambiente. Preocupação esta se justifica por sermos desde o ano de 2008 o país que mais consome agrotóxicos no mundo.

 

 

Manteve participação nas reuniões do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Em 1987 cria a Fundação Gaia, como um centro de estudos embasado nos conceitos holísticos, focado na recuperação de áreas degradadas. A sede da Fundação Gaia foi construída numa área de exploração de basalto totalmente degradada, localizada no município de Pântano Grande, distante 120 km de Porto Alegre, a qual batizou de “Rincão Gaia”. Ao longo dos 34 anos de sua fundação, Rincão Gaia é um exemplo da capacidade de recuperação que a natureza tem. A sede foi projetada com base nas edificações dos povos nativos – indígenas, recebendo diariamente visitantes de diversas regiões do mundo, principalmente do sul do Brasil. Pelo legado que deixou, o autor recebeu vários prêmios, medalhas e condecorações de diversas instituições de renome internacional. Portanto, Lutzenberger notabilizou-se pela luta em prol do cuidado com o meio ambiente, principalmente no que se refere à produção de alimentos isentos de agrotóxicos.

 

 

José Lutzenberger faleceu em Porto Alegre, no dia 14 de maio de 2002, aos 75 anos de idade.

 

 

Viviane Teresinha Bet – Mestranda no Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UnC). E-mail: [email protected]

 

Neri Antônio Zanferari – Biólogo e Mestre em Engenharia Ambiental e Sanitária. Professor aposentado de Biologia da Rede Estadual de Educação do Estado de Santa Catarina.

 

Dr. Jairo Marchesan. Docente dos Programas de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional e do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado (UnC).

E-mail: [email protected]

Equipe Gazeta
Equipe Gazetahttps://gazetanortesc.com.br
Somos um jornal de notícias e classificados gratuitos. Estamos há 25 anos no mercado e nosso principal diferencial é o jornal digital.