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Implicações do capitalismo na formação subjetiva dos seres humanos

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Ao longo do tempo os seres humanos se organizaram e estabeleceram suas relações de vida com base em uma sociedade estruturada e pautada em bases econômicas, com características de orientação capitalista.

 

 

Nesta relação homem e economia, na qual um do propósito dos seres humanos volta-se ao consumismo, tem-se o estímulo do princípio do prazer. Isto é, no mundo financeirizado, os dispositivos econômicos – atividades econômicas atuais baseadas também no uso do crédito e débito -, facilitaram a manifestação dos desejos, ora recalcados no inconsciente dos sujeitos, na possibilidade de suas satisfações no consumo exacerbado de produtos.

 

 

O marketing, um dos recursos empregado pelos dispositivos econômicos para a oferta de produtos, impacta no imaginário social, onde os produtos acabam sendo consumidos por despertarem o desejo do consumo do que está além das necessidades de subsistência humana, ocasionando em uma sensível perda da conexão humana com o mundo real, resultando em comportamentos e pensamentos não compatíveis com o princípio da realidade.

 

 

Neste contexto, o processo da constituição subjetiva é moldado de acordo com as demandas do sistema capitalista: a necessidade constante da produção excessiva de produtos para suprir o fenômeno do hiperconsumo e gerar uma satisfação temporária dos desejos que incidem sobre um falso sentimento de felicidade. É considerado “falso sentimento de felicidade” por ser apenas momentâneo e não suscitar um sentimento de satisfação com maior durabilidade de tempo.

 

 

Devido ao fato dos seres humanos serem gregários e procurarem estabelecer suas vidas em sociedade – no convívio com outros seres humanos -, a constituição subjetiva, que é um processo dinâmico, ocorre tanto relacionado aos aspectos individuais de cada sujeito (suas experiências, vivências, percepções e etc) quanto relacionado aos aspectos do convívio social (cultura, educação, política, etc). Isso significa que a subjetividade é uma ação constitutiva, resultante do processo de desenvolvimento humano e da interação social que caracteriza a forma de ser de cada um e de cada sociedade.

 

 

Dessa forma, a constituição subjetiva no contexto do sistema capitalista, incita o desejo para a manutenção do próprio sistema econômico vigente, ou seja, os seres humanos estabelecem seus modos de vida voltados às condições impostas pela economia em curso.

 

 

As consequências deste tipo de relação homem e economia traz várias consequências aos seres humanos, acarretando em muitas mazelas sociais, sendo uma delas a desigualdade, onde poucos detém muito e muitos detêm pouco ou quase nada, incluindo a alimentação – necessidade primordial para a sobrevivência humana.

 

 

A intensificação do sofrimento psíquico também é outra consequência da constituição subjetiva moldada segundo o sistema capitalista pois, a satisfação dos desejos diante da imensa oferta de produtos não é satisfeita; ou por não haver a possibilidade de adquirir os últimos produtos lançados no mercado, ou por adquiri-los e mesmo assim continuar a sentir a necessidade de consumir cada vez mais, como uma espécie de compulsão por compras.

 

 

Todas essas consequências do sistema capitalista afeta a psicodinâmica das relações humanas, provocando mudanças bruscas no estilo de vida atual em uma tentativa sem fim de alcançar alguma satisfação mais duradoura que a cada momento se afasta mais de um dos principais propósitos humanos: o de ser feliz.

 

 

 

Autora:

Príncela Santana da Cruz – Mestre em Desenvolvimento Regional e Docente do curso de Psicologia da UnC – Campus Canoinhas. E-mail: [email protected]

 

Equipe Gazeta
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