A água é um bem natural, e de uso essencial para todas as formas de vida, no entanto, em algumas regiões do mundo está tornando-se cada vez mais escassa. A água é o bem natural mais valioso para a geração e manutenção da vida, bem como, considerada indispensável. Portanto, é e deve ser um direito de todos. No ano de 2010, a Organização das Nações Unidas (ONU), reconheceu o acesso a água limpa e segura como um direito humano essencial.
Quando alguns recursos de qualquer espécie são escassos, a percepção sobre os mesmos é de crescente valoração, inclusive e, por vezes, infelizmente, econômica. Isso acontece até com os bens naturais que deveriam estar disponíveis para todos! Por estas e outras razões, por vezes, são implantadas medidas preservativas, regras de utilização e políticas de administração ou gestão desse recurso ou bem natural, objetivando o uso consciente, a preservação e disponibilidade.
Não seria prudente desvalorizar o melhor ou um dos melhores bens naturais para a qualidade da vida com decisões simples, práticas inadequadas de manejo, descuido ou poucos investimentos nos processos de gestão, principalmente. Neste sentido, existem regiões no mundo onde há pouca disponibilidade de água e alguns países são exemplos em gestão das águas, como a Alemanha, que implementou um rígido sistema de tratamento de esgoto, o qual reduziu a poluição dos rios, tornando-os próprios até para banhos. A gestão da água na Alemanha, por exemplo, tem políticas de cobrança pela distribuição e pelo consumo.
Na mesma esteira, pela coleta e tratamento do esgotamento sanitário. De igual modo, também, pelo aproveitamento da água da chuva que não é absorvida pelo terreno. Isso faz com que a população adote práticas de uso racional da água, além de sistemas de drenagem eficientes nos terrenos. Outro país, por exemplo, é Israel, que, talvez, seja uma das maiores referências no que se tange à gestão da água. Por fazer parte de uma região que sempre teve pouca disponibilidade de água, se reinventou, com investimentos em inovações e pesquisas, e, atualmente, desfruta dos investimentos com sistemas construtivos que permitem a dessalinização da água do mar e a reutilização do esgoto. Estima-se que as usinas de dessalinização conseguem atender mais de 70% de toda água utilizada em consumo doméstico e mais de 80% do esgoto é tratado, sendo utilizado posteriormente na agricultura, com técnicas de gotejamento nos processos de irrigação.
No entanto, observa-se que o processo de dessalinização tem elevados custos econômicos, principalmente. Outros países que são referências de medidas de tratamento e gestão das águas são Cingapura e Holanda. Estes países encontraram, na educação ambiental, um forte apoio para a gestão das águas, e na tecnologia ferramentas para captação de água da chuva, do mar, de pântanos, e de reuso em processos agrícolas e industriais, conseguindo atender à demanda interna.
No Brasil, um país que possui as maiores reservas de água do mundo e uma extensão de mais de 8,5 milhões de km², observam-se também casos de sucesso na gestão de recursos hídricos. Como exemplo, há programas comunitários na região Nordeste, onde a população tem apoio para construir suas próprias cisternas, permitindo que tenha água em épocas de estiagens ou nos longos períodos de secas.
Já a região Sul do Brasil, apesar de ter certa abundância de chuvas, conta com duas grandes reservas de água subterrânea: o aquífero Serra Geral e o aquífero Guarani. Mesmo assim, nos últimos tempos essa região tem enfrentado severos problemas de disponibilidade hídrica. Uma das medidas que tem sido incentivadas para suprir a demanda, é a construção de cisternas, e mais recentemente o reuso de água proveniente de outros processos industriais. Sabe-se ainda que as bacias na região Sul estão sendo afetadas por condições climáticas e alterações no ecossistema, com aumento do tempo do abastecimento de suas reservas. Estudam-se metodologias para melhorar a distribuição e tratamento das águas, tanto no setor público, privado e institucional, visando a melhor eficácia da gestão hídrica para a população.
Medidas podem ser adotadas – para uma conscientização – por meio da educação aliada à tecnologia para prever, solucionar e melhorar os sistemas de saneamento e gestão das águas. Programas de incentivo à reutilização da água e de abastecimento já existem, no entanto, cabe também à sociedade preservar essa riqueza, para que a água continue sendo um bem de acesso a todos. Não se pode esperar que falte água ou que não se tenha em qualidade, para pensar em medidas de uso.
Christian Antônio dos Santos – Mestrando no Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado (UnC).
Jairo Marchesan – Docente do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental e dos Programas de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UnC).