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Extrativismo: uma das marcas do Município de Três Barras (SC)

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Ao longo da história do município de Três Barras (SC), observa-se que o mesmo foi palco de intensos investimentos por parte principalmente do capital extrativista de madeira, mas também com apoio e conivência do Estado.

 

Logo, ocorreram intensas transformações ambientais, por conta da abundante disponibilidade da formação vegetal nativa – a Floresta Ombrófila Mista (FOM), que, pela cobiça inclusive do capital internacional, explorou, transformou a matéria-prima regional (madeira) e a comercializou até mesmo para o exterior.

 

 

Por consequência, este foi, também, um dos fatores, senão, um dos principais motivos para a ocorrência da Guerra do Contestado (1912–1916). Nesta direção, pode-se afirmar que, assim como o município de Três Barras, parte da Região do Planalto Norte Catarinense e o território do Contestado, como é conhecido, é marcado fortemente pelo extrativismo vegetal, pela violência, pelo coronelismo e pela exclusão socioeconômica da maioria da população humana, se comparado a outras regiões do Estado.

 

 

Estas e outras situações impactaram e geraram uma situação que é denominada de região subdesenvolvida, deprimida economicamente, com baixos índices de desenvolvimento socioeconômico, ou seja, que não alcançou suficientemente e, talvez, nem minimamente, níveis educacionais satisfatórios e condições de trabalho e renda, de moradia e saneamento básico, condições estas necessárias para a qualidade de vida da população local e regional.

 

 

No entanto, quando as inovações tecnológicas chegaram ao município, foram apropriadas ou estiveram concentradas normalmente “nas mãos” de uma minoria da população. Como exemplo, no ano de 1910, no referido município, foi instalada a maior serraria da América Latina (Southern Brazil Lumber and Colonization Company), e com ela, construídos um cinema, hospital, bancos, restaurantes, clubes de elite, cassino, uma escola polonesa. Na cidade, ainda, era realizado um dos melhores carnavais de salão do Sul do Brasil.

 

 

Assim, pode-se afirmar, de modo geral, que esse “modelo de desenvolvimento”, pautado fundamentalmente no extrativismo, não atendeu a maior parte da sociedade, mas, apenas uma minoria, comumente os próprios donos dos meios de produção (terras, fábricas, etc.) – coronéis e latifundiários. Ainda nessa direção, foi um modelo de desenvolvimento concentrador, que gerou enorme exclusão social.

 

 

Com o tempo, quando as maiores e melhores madeiras foram diminuindo ou acabando, reduziram-se os investimentos estrangeiros na região, gerando mais problemas sociais. Analisando o processo histórico do município de Três Barras, percebe-se que o desenvolvimento pode ser associado ao ditado popular de “voo de galinha”, ou seja, foi um modelo de desenvolvimento curto. Outro aspecto preponderante no município e na região foi o coronelismo político e econômico, conduzido pelos donos dos meios de produção e pelo próprio Estado.

 

 

Ao se observar a realidade local da população, percebe-se, igualmente, que esse modelo de desenvolvimento foi concentrador e centralizado nas mãos de poucas pessoas, gerando níveis de desigualdade e baixa distribuição de renda, ou seja, não é um município pobre, mas um município de muitos pobres, com algumas pessoas vivendo com o mínimo necessário e, às vezes, o insuficiente para satisfazer as necessidades básicas.

 

 

O município de Três Barras, como muitos outros municípios do interior do Brasil, é reflexo, sobretudo, dos processos históricos de colonialismo, exploração e extrativismo, que, em tais relações, geram enormes desigualdades socioeconômicas. Por estas e outras razões, sugere-se intensos esforços e investimentos públicos nas áreas da saúde, habitação e, especialmente, na área da educação.

 

 

Paralelamente, cabe, também, à iniciativa privada, por meio daquilo que é denominado de responsabilidade social, contribuir com a geração de trabalho, distribuição de renda, educação e bem-estar da população humana regional. À sociedade cabe estudar, conhecer e apropriar-se da sua própria história, e envolver-se e participar ativamente dos processos políticos e decisórios locais e regionais.

 

 

Autores:

Thomas Felipe Bianek Barbosa – Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional pela Universidade do Contestado – UNC. E-mail: [email protected]

 

Dr. Jairo Marchesan – Docente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado (UNC). E-mail: [email protected]

Equipe A Gazeta Tresbarrense
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