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Evasão ou exclusão? Perspectivas do jovem na educação

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O período de conclusão da Educação Básica traz para o jovem que está no Ensino Médio os anseios de quem está concluindo mais uma etapa da trajetória escolar e de quem pretende entrar no mercado de trabalho, ou continuar o percurso acadêmico, sendo uma fase da vida em que decisões são tomadas pautadas em sonhos ou em necessidades, de acordo com a realidade e o contexto na qual está inserido.

 

 

De acordo com o último Anuário de Educação Básica (2020), a educação no Brasil melhorou, no que diz respeito ao acesso, entretanto, a conclusão da trajetória escolar e o nível de aprendizagem construído nesse percurso trazem dados preocupantes, que apontam a defasagem em aprendizagem adequada nas disciplinas de Matemática e Língua Portuguesa.

 

 

 

Considerando os dados de 2019 apresentados pelo anuário, cerca de 92,5% dos jovens de 15 a 17 anos foram atendidos no que indica o acesso ao Ensino Médio, destes 71,1% correspondem a taxa líquida de matrículas efetivadas, sendo em sua maioria Brancos (79,2%) e 90,8% dos 25% mais ricos. Somente com os dados de acesso à educação já é perceptível a disparidade entre as dimensões de cor e renda dos jovens, evidenciando a desigualdade social que molda o cenário da educação brasileira.

 

 

Entretanto, ao analisar os números de alunos que concluem o Ensino Médio, no mesmo ano, apenas 65,1% dos jovens com até 19 anos conseguem se formar neste nível de ensino, permanecendo as taxas de desigualdade também como reflexo nas estatísticas de conclusão. Em números absolutos, 674.814 alunos não estudam e não concluíram o Ensino Médio em 2019, o correspondente a 7,6% dos jovens de 15 a 17 anos.

 

 

Para que esses índices sejam melhorados, uma das estratégias tem como ideia central uma nova proposta de escola de Ensino Médio, que sugere avançar nos índices de aprendizagem dos alunos reestruturando e inovando nas formas de atrair esse jovem, buscando alternativas que façam da escola um lugar mais atrativo. O uso da tecnologia, por exemplo, é uma questão bastante debatida na rede pública, afinal o acesso à tecnologia e à internet quando bem utilizados podem potencializar a experiência da aprendizagem.

 

 

Com o contexto da Pandemia do COVID-19 comprometendo o funcionamento das atividades presenciais nas escolas, a internet foi a ferramenta que possibilitou o acesso remoto às aulas. Por esse meio, professor e alunos mantiveram contato, na segurança e conforto de seus lares, cumprindo, mesmo que de forma atípica, o ano letivo. Mas quantos alunos estavam de fato, na segurança e no conforto dos lares? Por meio de quais aparelhos, e qual internet, esses alunos realizaram suas atividades curriculares? E quantos alunos o realizaram?

 

 

Se o número de jovens que não concluíram o Ensino Médio em 2019 ainda não é suficiente para o cumprimento da meta do PNE em 2024, com a Pandemia a previsão desses índices em 2020 é pessimista. É importante trazer para o debate a reflexão da razão da evasão. Pode-se apontar o não acesso, novamente, e nesse sentido, a limitação ao acesso digital e tecnológico no ensino básico. Isso de fato corrobora a reflexão sobre o impacto da desigualdade social na trajetória escolar. Em contrapartida, sendo falha da estrutura do Estado em oferecer a educação nessa modalidade, não seria essa uma exclusão, acentuando a desigualdade, e não somente a evidenciando?

 

Cristiélen dos Santos

Socióloga, pós-graduanda em Educação e Diversidade

Membro do grupo Educação em Debate

Equipe Gazeta
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