InícioCegueira e SolidariedadeEnsino remoto emergencial : uma experiência em meio à covid-19

Ensino remoto emergencial : uma experiência em meio à covid-19

Últimas notícias

Guerra Mundial: entenda riscos de conflito entre Israel e Irã

O risco de uma nova guerra mundial existe caso...

Parada 120 – Hamburgueria artesanal em Três Barras

Conheça o melhor delivery de hambúrgueres artesanais de Três...

Senado aprova isenção de IR para quem ganha até dois salários mínimos

O Senado aprovou nesta quarta-feira (17) o projeto de...

Com as aulas suspensas em todo o Brasil pelo Ministério da Educação, por meio da Portaria nº 343, de 17 de março de 2020 (BRASIL, 2020) por conta da pandemia do novo Coronavírus SARS-CoV-2, deu-se início à utilização do ensino remoto emergencial.

 

 

A migração temporária do ensino presencial para o ensino remoto emergencial se deu pelas plataformas já antes utilizadas nas modalidades de educação a distância, amparada pelo Decreto n. 9.057, de 25 de maio de 2017, sob observação da legislação em vigor e das normas específicas expedidas pelo Ministério da Educação.

 

 

Art. 1º Para os fins deste Decreto, considera-se educação a distância a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos. (BRASIL, 2017).

 

 

 

Essa mudança de paradigma requisitou o uso da tecnologia, ou melhor dizendo, das TICs. Segundo o Site Canal TI (2017) CANAL TI, TIC é um conjunto de recursos tecnológicos integrados entre si que proporcionam, por meio das funções de hardware, software e telecomunicações, a automação e comunicação dos processos de negócios, da pesquisa científica e de ensino e aprendizagem. (CANAL TI, 2017).

 

 

 

Esses recursos se tornaram de grande relevância para o momento atual como uma das principais alternativas utilizadas pelos professores para conseguir prosseguir com o processo de ensino e aprendizagem. Alguns exemplos de TICs são:

 

 

computadores pessoais, webcams; suportes de discos rígidos; telemóveis, World, Wide Web, Internet; tecnologias digitais de captação e tratamento de imagens e sons (Vimeo, Youtube, LastFm); a fotografia, cinema, vídeo e som digital (TV e rádio digital); streaming, podcasting, Wikipédia; tecnologias de acesso remoto: Wi-Fi, bluetooth, RFID; correio eletrônico (e-mail) e as listas de discussão (mailing lists). (CANAL TI, 2017).

 

 

 

De modo geral, a continuidade das atividades pelos estudantes, durante a pandemia, está sendo realizada por meio de ferramentas digitais como, por exemplo, o Google Classroom, como Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e o aplicativo de mensagens WhatsApp para envio de comunicações, além da disponibilização de materiais impressos que são retirados nas escolas de forma segura e com todos os cuidados necessários. As utilizações das plataformas digitais têm possibilitado a interação em tempo real dos alunos em salas de aula virtuais e com contato direto com o professor.

 

 

Comumente temos mais contato com esses recursos através das plataformas de Redes Sociais, como por exemplo, Facebook, WhatsApp, Instagram etc. (que também fazem parte das TICs), responsáveis pela disseminação de informações e outras possibilidades que as TICs nos oferecem.

 

 

A rede social é uma das formas de representação dos relacionamentos afetivos ou profissionais dos seres entre si, em forma de rede ou comunidade. Ela pode ser responsável pelo compartilhamento de ideias, informações e interesses. (LORENZO, 2013, p. 20).

 

 

Lorenzo (2013) compreende que muitas instituições de ensino superior já utilizam essas ferramentas no processo de ensino e aprendizagem. E, nesse momento pandêmico, elas também se tornaram importantes para a continuidade dos estudos nas escolas públicas.

 

 

A necessidade urgente em dar continuidade às atividades escolares durante o ano de 2020 fez com que o uso da internet se intensificasse. Contudo, a fraca velocidade da internet em nosso país atrapalha esse processo de ensino remoto.Segundo uma pesquisa da Akamai (OLHAR DIGITAL, 2016a), a Internet brasileira é uma das mais lentas do continente e fica na 88ª posição no ranking global.

 

 

O levantamento mostra que a conexão brasileira atinge uma velocidade média de 4,1 Mbps, contra 6,2 Mbps do Uruguai, líder no continente. Os outros vizinhos sul-americanos na frente do Brasil são: Chile (6,1 Mbps), Argentina (4,7 Mbps), Peru (4,5 Mbps), Colômbia (4,5 Mbps) e Equador (4,4 Mbps). Por sua vez, a Bolívia apresenta velocidade de 2 Mbps, enquanto Venezuela e Paraguai têm média de apenas 1,6 Mbps. (OLHAR DIGITAL, 2016b).

 

 

Outro problema que a pandemia veio a revelar é que nem todos têm acesso a aparelhos tecnológicos, principalmente neste momento crucial para manutenção dos estudos.

 

 

As estatísticas mostram a disponibilidade de computador no domicílio, em porcentagem. É possível constatar a lamentável realidade, na qual temos 39% dos domicílios brasileiros sem qualquer tipo de computador, seja ele de mesa, tablet ou portátil.

 

 

Outro desafio encontrado é que os professores tiveram de achar formas de incentivo aos alunos que possuem acesso à internet, a usarem as mídias sociais para os estudos. Geralmente essas mídias são utilizadas para o lazer, e, acabam por atrapalhar, gerando um conflito na administração do tempo, confundindo o momento de estudo e o momento de lazer.Segundo os autores Nóbrega e Oliveira (2021),

 

 

[…] por mais que pensemos que temos inclusão digital devido ao grande número de usuários de redes sociais e dispositivos móveis nas mãos dos jovens brasileiros, a concepção de inclusão digital não é como se imagina (NÓBREGA e OLIVEIRA,2021).

 

 

Os alunos, na sua grande maioria, são consumidores de mídias e não estão habituados a utilizarem essas mídias para aprendizado, eles precisam de um processo de adaptação para que se crie a cultura dos estudos de forma online.

 

 

Uma pesquisa realizada pela TIC Educação 2019 e disponibilizada por Elida Oliveira através do portal G1, em 09/06/2020 revela que do total de alunos entre o 5º ano do ensino fundamental até o 2º ano do ensino médio, 76% fazem uso da internet para pesquisas, dentre esses, 74% usam a internet para estudar para uma prova, 69% para fazer exercícios passados pelo professor, 24% para fazer provas e simulados e apenas 16% para participar de cursos.

 

 

As mudanças ocorreram, de modo geral, na vida de pais e de alunos. De repente, viu-se a necessidade de estarem todos em casa, mudar a rotina e, de forma quase que obrigatória, permanecerem distanciados dos seus familiares, colegas, amigos e conhecidos. Essas mudanças repentinas na rotina geraram alguns impactos, principalmente aos menores, e quando o ensino presencial retornar é preciso realizar uma readaptação dos alunos à escola. Segundo a neuropsicopedagoga Guerra (2020):

 

 

[…]embora ainda incerta a data da volta às aulas presenciais em muitos estados e municípios, as escolas já estão se preparando para receber seus alunos, não da mesma maneira como retornavam das férias, mas com uma experiência vivida que pode ter deixado diversos impactos negativos, não apenas na aprendizagem, mas no desenvolvimento sócio emocional causado pelo isolamento social e distanciamento escolar. (GUERRA, 2020).

 

 

Compreendemos que o Ensino Remoto Emergencial (ERE), adotado de forma temporária nos diferentes níveis de ensino das diversas instituições educacionais do Mundo inteiro para que as atividades escolares não fossem interrompidas, provocou um distanciamento entre professores e alunos.

 

 

É nítido que esse distanciamento geográfico entre professor e aluno causado pela necessidade de evitar o contágio e disseminação do vírus da Covid-19, dificulta o aprendizado, ambos necessitam de um convívio diário para que possam ter um melhor aproveitamento dos conteúdos ministrados.

 

 

Já os docentes, acostumados à sala de aula presencial, tiveram que se reinventar, pois a grande maioria não estava preparada e nem capacitada para isso. Segundo Behar (2020) “o professor de uma hora para outra teve que trocar o “botão” para mudar de sintonia e começar a ensinar e aprender de outras formas”.

 

 

Subitamente o professor se vê numa realidade totalmente diferente da qual estava habituado, necessitando pensar em como fazer para reconectar o aluno à escola e a prosseguir com o processo de ensino remoto.

 

Escrito por: 

 

Airton Gasiorck – Graduado em Ciências Sociais pela Universidade do Contestado – UnC – Campus Canoinhas – Professor de Sociologia na Rede Publica Estadual do Paraná. Acadêmico da 8ª fase do Curso de Licenciatura em Informática da Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC.

 

Marcelo Rosa – Cabo da PMSC – lotado no 3º BPM – Canoinhas/SC – Acadêmico da 8ª fase do Curso de Licenciatura em Informática da Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC.

 

REFERÊNCIAS

ANDRADE, André Vitor Chaves; BRINATTI, André Maurício; SILVA, Silvio Luiz Rutz. Ensino remoto emergencial [Livro eletrônico]. Ponta Grossa, PR: Ed. dos Autores, 2020. Disponível em: <http://www1.fisica.org.br/mnpef/sites/default/files/anexosnoticia/EnsinoRemotoEmergencial_SilvaAndradeBrinatti.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2021.

 

BRASIL, Câmara dos Deputados. Decreto nº 9.057, de maio de 2017. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Câmara dos Deputados, 2017. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2017/decreto-9057-25-maio-2017-784941-publicacaooriginal-152832-pe.html>. Acesso em: 12 maio 2021.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Gabinete do Ministro. Portaria nº 343, de 17 de Março de     2020. Brasília, 2020. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de-marco-de-2020-248564376> Acesso em: 10 de out. 2020.

 

CANAL TI.  TICs – Tecnologias da Informação e Comunicação. 14 de fevereiro de 2017. Disponível em: https://www.canalti.com.br/tecnologia-da-informacao/tics-tecnologias-da-informacao-e-comunicacao/ Acesso em: 12 de abril de 2021.

 

CETI. Painel TIC Covid-19: pesquisa sobre o uso da Internet no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus: ensino remoto e teletrabalho. 3. ed., 2020. Disponível em: <https://cetic.br/pt/publicacao/painel-tic-covid-19-pesquisa-sobre-o-uso-da-internet-no-brasil-durante-a-pandemia-do-novo-coronavirus-3-edicao>. Acesso em: 13 abr. 2021.

 

FAVÉRI, José Ernesto; CANI, Luiz Eduardo; BAZZANELA, Sandro Luiz. As múltiplas dimensões da educação na era do coronavírus. São Paulo: LiberArs, 2020.

 

GUERRA, Gleidis. SEGUEM OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO. Aventura de construir, 2021. Disponível em: <https://aventuradeconstruir.org.br/8936/?gclid=CjwKCAjw2ZaGBhBoEiwA8pfP_sk4FU3qkM2v7hJL073yVcy6lOGH8EVEKEdVWKdCqXEPWThIRP8emhoC-ncQAvD_BwE .> Acesso em: 13 jun. 2021

 

LORENZO, Eder Maia. A Utilização das Redes Sociais na Educação: A Importância das Redes Sociais na Educação. 3 ed. São Paulo: Clube de Autores, 2013.126p.

 

MAYER, Leandro. PALU, Janete. SCHÜTZ, ArlanJanerton. Desafios da educação em tempo de pandemia. Editora Ilustração, 2020.

 

NÓBREGA, Luciano; OLIVEIRA, Francisco Lindoval de. Os desafios da educação remota em tempos de isolamento social. Revista Educação Pública, v. 21, nº 14, 20 de abril de 2021. Disponível em: <https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/14/os-desafios-da-educacao-remota-em-tempos-de-isolamento-social>. Acesso em: 13 de jun. de 2021.

 

OLHAR DIGITAL. Cara e ruim, internet brasileira está nas mãos de três grupos. Disponível em: <https://olhardigital.com.br/2016/08/24/pro/cara-e-ruim-internet-brasileira-esta-nas-maos-de-tres-grupos>. Publicado em: 28 ago. 2016b. Acesso em: 13 abr. 2021.

 

OLHAR DIGITAL. Conexão brasileira é uma das mais lentas do continente, mostra pesquisa. Disponível em: <https://olhardigital.com.br/2016/03/24/noticias/conexao-brasileira-e-uma-das-mais-lentas-do-continente-mostra-pesquisa>. Publicado em: 24 mar. 2016a.

 

OLIVEIRA, Elida. Quase 40% dos alunos de escolas públicas não têm computador ou tablet em casa, aponta estudo. Publicado em: 09 jun. 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/educacao/noticia/2020/06/09/quase-40percent-dos-alunos-de-escolas-publicas-nao-tem-computador-ou-tablet-em-casa-aponta-estudo.ghtml>. Acesso em: 18 nov. 2020.

 

UFRGS. O ensino remoto emergencial e a educação a distância. Disponível em:<https://www.ufrgs.br/coronavirus/base/artigo-o-ensino-remoto-emergencial-e-a-educacao-a-distancia/>. Acesso em: 13 jun. 2021.

Equipe Gazeta
Equipe Gazetahttps://gazetanortesc.com.br
Somos um jornal de notícias e classificados gratuitos. Estamos há 25 anos no mercado e nosso principal diferencial é o jornal digital.