Quando se pensa ou discute sobre a obtenção e uso de energia, logo lembramos de uma das mais tradicionais modalidades energéticas – a fóssil –, obtida por meio da exploração do carvão mineral, do petróleo e do gás natural, dentre outros, os quais são, normalmente, extremamente poluentes e prejudiciais à saúde humana, animal e ao próprio Planeta. Esta forma de energia não é renovável.
Existe, também, a energia nuclear (energia atômica), que, da mesma forma, contém altos níveis de poluição e pode ser muito perigosa no processo de obtenção, manejo e gestão. Paralelamente, podemos citar as já disponíveis fontes de energia renováveis, tais como a hidrelétrica, a solar, a fotovoltaica, a térmica, a eólica, a de biomassa, das marés e outras. Como observado no gráfico a seguir, a Matriz Elétrica Mundial predominante é baseada em combustíveis fósseis como o carvão, o óleo e o gás natural, sendo que a energia geotérmica está dentro dos menores percentuais (0,4%).
Fonte: https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica.
Os impactos ambientais são amplamente estudados nos dois tipos de fontes: toda produção de energia provoca alterações no meio ambiente e requer algum tipo de atividade de engenharia para minimizar ou reduzir os impactos ao ambiente.
A energia geotérmica é proveniente do calor que é gerado naturalmente e retirado do interior da Terra, sendo um recurso renovável que pode ser captado para atividades humanas. Em grego, Geo significa terra, e térmico significa calor. Primeiramente, é importante considerar que, a cada 33 metros de profundidade na Terra, há o aumento em 1 ºC na temperatura, fator que é denominado grau geotérmico. Existem partes do Planeta em que esse processo de calor do interior da Terra é mais superficial, possibilitando, com mais facilidade, sua retirada e utilização. A Terra é composta de estratos; aproximadamente próximo a 2.900 quilômetros abaixo da superfície terrestre, encontra-se o núcleo, parte mais quente do Planeta: se estima uma temperatura de cerca de 6.000 ºC, com uma margem de erro de 500 ºC, a mesma temperatura estimada para a superfície do Sol.
Uma pequena parte do calor do núcleo vem do atrito e da atração gravitacional, formados quando a Terra foi constituída, há aproximadamente 4 bilhões de anos. A maior parte do calor da Terra, no entanto, está relacionada às placas tetônicas, onde o calor é mais intenso. É por este motivo que os grandes produtores de energia geotérmica encontram-se em países como Estados Unidos, Indonésia e Filipinas, localizados em áreas de transição entre as placas tectônicas.
Para ser obtida, a energia geotérmica requer certas particularidades, podendo ocorrer naturalmente em fontes termais, gêiseres e vulcões. Quando de sua extração, ocorrem três etapas fundamentais: perfuração, extração e produção. A perfuração da área escolhida é realizada em um diâmetro de 10 a 15 centímetros. A extração pode ser feita por meio de sondas geotérmicas.
Para o processo de produção, é necessário um reservatório na área tratada, que coleta o fluido natural e o transforma em energia: em temperaturas com domínio de água quente (50 a 150 ºC), a água subterrânea é utilizada como fonte de calor; nos sistemas com domínio de vapor (150 a 300 ºC), para geração de eletricidade; e nos sistemas de rochas secas (500 a 300 ºC), como fonte de energia geotermal.
Na relação dos usos diretos da energia geotérmica, pode-se utilizá-la para fins residenciais, aquecimento de ambientes, industriais, agrícolas, recreativos (banhos termais), de secagem e refrigeração, dentre outros. Já a utilização indireta inclui a geração de eletricidade em instalações semelhantes às centrais elétricas convencionais.
Em países como a Islândia e a China, o uso direto da energia geotérmica está relacionado ao aquecimento constante nas baixas temperaturas a um baixo custo e com menor emissão de carbono. Na Itália, é utilizada na parte industrial, para a fabricação de cerveja e de leite pasteurizado.
Dentro dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o sétimo objetivo sugere proteger o meio ambiente e o clima – Energia, limpa e accessível. Entre algumas das diretrizes a serem alcançadas até 2030 para este objetivo estão as seguintes: incrementar a contribuição das energias renováveis na matriz elétrica mundial, procurar a cooperação internacional na pesquisa de tecnologias, incentivar o investimento em infraestrutura e tecnologia de energia limpa, especialmente em países em desenvolvimento. O desafio é grande, pois, conforme ilustrado anteriormente no gráfico, as técnicas não renováveis representam 71%, precisando ser substituídas a curto prazo.
É evidente que a energia é fundamental para todos os aspectos da vida, mas o impacto causado no meio ambiente, às vezes, é incalculável. Por este motivo, devem ser gerados esforços no desenvolvimento de tecnologias sociais que permitam o uso de fontes renováveis e com o menor impacto ambiental possível.
Nora León Rodríguez. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Contestado – UNC. E-mail: [email protected]
Dr. Jairo Marchesan. Docente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado – UNC. E-mail: [email protected]
Referências
ARBOIT, N. SWAROWSK K. Potencialidade de utilização da energia geotérmica no Brasil – uma revisão de literatura. Revista do Departamento de Geografia, v. 26, p. 155-168, 2013.
EMPRESA DE PEQUISA ENERGÉTICA. EPE. Matriz energética e elétrica. Disponível em: https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica. Acesso em: 4 de maio 2023
KRISTMANNSDÓTTIR, H; ÁRMANNSSON, H. Environmental aspects of geothermal energy utilization. Geothermics, v. 32, n. 4-6, p. 451-461, 2003.
LOPES, N. J. Um estudo de caso sobre a implantação da energia geotérmica no Brasil. 2021. 31 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Química) – Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
NATIONAL GEOGRAPHIC EDUCATION. Geothermal Energy. Disponível em: https://education.nationalgeographic.org/resource/geothermal-energy/. Acesso em: 1 de julho 2023
