Todos tivemos alterações em nossas rotinas com a pandemia oriunda do novo coronavírus não só no Brasil como no mundo. Todos precisamos rever hábitos e remodelar nossas relações sociais, seja no trabalho, estudo, família e amigos. O álcool passou a ser um fiel companheiro e a rotina, muito mais interna em nossas casas.
Por conta destas situações, chegou a ser levantada a hipótese de adiamento das eleições municipais previstas para este ano. Se discutiu a extensão dos presentes mandatos de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, o que depois percebeu-se ser além de inviável, perigoso ao jogo democrático, pois esta possibilidade acarreta a abertura de um precedente que poderia no futuro ser utilizado em decorrência de interesses não tão nobres quanto os da quarentena para redução da propagação do vírus.
Com a tese de adiamento das eleições perdendo força nos corredores de Brasília, surgem novas questões a serem avaliadas. Como ocorrerão as eleições sem aglomeração? Quais cuidados precisaremos tomar?
O processo eleitoral é tomado por verdadeiros rituais, principalmente nos municípios onde candidatos e eleitores estão no corpo a corpo diário. As convenções são verdadeiras festividades para o lançamento das candidaturas, as negociações entre os partidos demandam incansáveis reuniões e mais reuniões para formação das coligações majoritárias, a campanha se dá nas casas e até na divulgação dos resultados existem aglomerações e festividades.
Ou seja, em 2020 o processo será diferente. Além das mudanças que a reforma política nos trouxe (como o fim das coligações para eleição proporcional) teremos um ambiente totalmente novo para estas eleições. Alguns prefeitos muito bem avaliados pelas atitudes tomadas nos últimos meses contra a pandemia, outros nem tanto. Na eleição para vereador imaginemos neste contexto os candidatos que fazem campanha na chamada porta a porta.
Estes precisarão tomar conhecimento das novas ferramentas digitais de forma bastante acelerada para alcançar o sucesso eleitoral. Em contrapartida, talvez candidatos que não são tão adeptos de contatos diretos com o eleitor, mas que tem facilidade de comunicação nas redes sociais e ferramentas digitais sairão na frente.
O processo eleitoral brasileiro nos municípios, que imaginávamos estar migrando lentamente aos meios digitais, foi empurrado a força para este campo com a chegada do novo coronavírus. Será uma nova cultura na comunicação política, e talvez não tenhamos mais tantos candidatos tomando café nas casas em busca dos votos necessários, estes com certeza estarão em frente ao celular e ao computador contactando seus eleitores.
Com isso, em uma eleição com regras diferentes, ambiente diferente e campanha diferente, podemos esperar resultados diferentes dos tradicionais.
Vamos aguardar e ver!