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Zygmunt Bauman, no livro “Vida para o consumo”, adverte para a aparência banal dessa atividade humana que fazemos cotidianamente, “de modo prosaico, rotineiro, sem muito planejamento antecipado nem reconsiderações”, que é uma condição e um aspecto ilimitado pelo tempo.[1] Com a ruptura, ocorrida milênios após o início da humanidade, chamada de revolução consumista, o consumo se transformou em consumismo. O propósito da existência da maioria das pessoas é o consumismo, num momento em que o desejo passou a sustentar a economia do convívio humano[2].

 

Nesse sentido, aproveitando-se da nova condição humana, a sociedade direcionou a produção aos próprios anseios. Os produtos passaram a ter vida útil menor, se tornam descartáveis, para que sejam rapidamente substituídos por outros mais novos, “modernos”, “tecnológicos”. Essa compulsão pelo novo, gerou modismos e sazonalidades, orientadas pelo e para a satisfação do desejo de consumo, ao mesmo tempo em que os bens naturais foram relegados a segundo plano. “Em vez de alcançar a prometida redução do número de problemas que perturbam o controle da vida, a crescente sofisticação das técnicas especializadas redunda na multiplicação de problemas.”

 

 

Ocorre que esse descaso com o ambiente, orientado pela lógica capitalista, consumista, compulsiva, desconsidera os ciclos de recomposição da natureza. Isso gerou preocupações com a situação de descaso com o ambiente, com os elementos indispensáveis à sobrevivência de toda a vida biológica. As preocupações resultaram num conjunto de documentos elaborados por organizações mundiais que têm por finalidade a preservação ambiental.

 

 

Dentre os documentos elaborados, está a Carta da Terra, publicada em 2004, que estabelece como princípios: (1) Respeitar a terra e a vida em toda sua diversidade; (2) Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor; (3) Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas; (4) Garantir as dádivas e as belezas da terra para as atuais e futuras gerações.

 

 

A responsabilidade pela preservação da terra foi atribuída a todos e chamada de responsabilidade universal:

 

 

“Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com toda a comunidade terrestre bem como com nossa comunidade local. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual a dimensão local e global estão ligadas. Cada um compartilha da responsabilidade pelo presente e pelo futuro, pelo bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida, e com humildade considerando em relação ao lugar que ocupa o ser humano na natureza.

 

[…] Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, todos interdependentes, visando um modo de vida sustentável como critério comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos, e instituições transnacionais será guiada e avaliada.[4]

 

 

É evidente que os princípios e a responsabilidade universal são orientações. São intenções voltadas para a preservação ecológica, mas que não são compatíveis com a lógica consumerista, que exige cada vez mais extração, transformação, comércio, consumo e descarte desses bens produzidos para satisfazer o afã consumista da população humana.

 

 

Propomos como alternativas políticas a esse modelo: (1) Consumo consciente; (2) Consumo de produtos orgânicos diretamente do produtor, sobretudo de agricultores familiares; (3) Rejeitar produtos que geram impactos humanos e ambientais; (4) Reduzir os níveis de consumo; (5) Reciclar; (6) Reutilizar. Referimo-nos ao caráter político das alternativas, pois entende-se que a decisão de participar da lógica consumista denunciada no início deste artigo é, antes de mais nada, uma decisão política de cada indivíduo.

 

 

Camila Leonardo Nandi de Albuquerque e Luiz Eduardo Cani

Mestrandos da Turma XII do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado

 

 

Jairo Marchesan

Docente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado

[1] BAUMAN, Zygmunt. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008, p. 37.

[2] BAUMAN, Zygmunt. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008, p. 38-39.

[3] BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Ambivalência. Tradução Marcos Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999, p. 226.

[4] BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Carta da terra. Brasília: 2004, p. 2. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/carta_terra.pdf>.

 

Luiz Eduardo Cani
Professor e Pesquisador (UnC)
Mestrando em Desenvolvimento Regional (UnC)

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