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Poucos anos após o incidente no distrito de Bento Rodrigues em Mariana (Minas Gerais), o município mineiro de Brumadinho foi impactado pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão, deixando dezenas de mortos e centenas de feridos, formando um mastodôntico lamaçal e levando resíduos tóxicos ao afluente do rio Paraopeba na Bacia do Rio São Francisco. Esta catástrofe humana e ambiental só confirma a negligência herdada há tempos para com a pauta ambientalista.

 

 

 

Negligência esta, por parte da mineradora Vale, novamente no centro dos acontecimentos, mas também que não escapa dos órgãos estatais nas diferentes esferas de poder. O que me entristece profundamente, é que situações como essas tenham que se repetir para que atitudes de gestão e prevenção possam vir à tona, serem discutidas e realmente efetivadas.

 

 

 

Em reportagem veiculada pelo jornal O Globo, sua manchete afirma “APENAS 3% DAS BARRAGENS DO PAÍS FORAM VISTORIADAS EM 2017”. As informações foram repassadas através da Agência Nacional de Águas (ANA) e pasme-se apenas 23% da verba prevista foi repassada para a finalidade de assegurar o funcionamento de suas estruturas, um descaso real e atual do país.

 

 

 

Gestões anteriores, como o Governo Dilma (2010-2016) e Temer (2016-2017) deram o pontapé inicial para o descaso com as políticas públicas de proteção ambiental, protagonizando uma vertente de retrocesso. Os ambientalistas vêm sofrendo cotidianamente com ameaças, ou sendo acusados de discursos antieconômicos, refletindo a gravidade da situação em nível nacional, quiçá internacionalmente através das preleções do presidente norte-americano Donald Trump e do governo japonês, por exemplo.

 

 

 

A gestão coetânea também continua a trilhar este caminho sombrio em menos de um mês de trabalho, e até mesmo já vinha com o discurso antiambientalista durante a campanha eleitoral. O atual ministro do Meio Ambiente (que se não por ativistas ambientais, seria ministério extinto) é cidadão condenado por improbidade administrativa ao beneficiar mineradoras, as quais protagonizam, por exemplo, os crimes ambientais em voga.

 

 

 

Se os projetos em discussão pela atual superintendência forem aprovados no bojo dos princípios desenvolvimentistas de que o Meio Ambiente só atrapalha, se fortalecerão as circunstâncias para novas catástrofes, como estas, futuramente.

 

 

 

O escritor Victor Hugo sabiamente aconselha que “primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem. Agora é necessário civilizar o homem em relação à natureza”. Isto pode nos soar estranho, porém lamentavelmente exprime a relação do homem do agora e sua ganância em retirar e extrair tudo, sem ao menos demonstrar empatia pelo futuro da humanidade.

 

 

 

Tal desastre não pode ser quantificado apenas por dados e números, pois vidas foram ceifadas de maneira impetuosa, deixando famílias desamparadas nos quatro cantos do país, independente da classe social e do cargo ocupado anteriormente. Quando em Davos, Suíça, o presidente Jair Messias Bolsonaro enfatizou que “o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente”, verdadeira falácia por parte dele, pois se assim fosse, não gostaria de descobrir o qual menos preserva!

 

 

 

Precisamos urgentemente de políticas públicas de preservação e educação ambiental, principalmente, para mudarmos a rota que nosso país envereda, onde façamos valer o art. 225 da Carta Magna brasileira, para que o Meio Ambiente seja mesmo consagrado, um direito universal e não mera utopia de um cidadão sonhador. Marina Silva, ambientalista reconhecida mundialmente, assim disse “O custo do cuidado é sempre menor que o custo do reparo”, confirmando os tristes fatos do hoje.

 

Fotos: reprodução Instagram
Fotos: reprodução Instagram
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Equipe Gazeta
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