Pois bem, por onde iniciar? Eis a questão. Um ano como 2018, de tantos fatos, de tantos atos. Muitos destes que puseram o Brasil no centro das atenções mundiais. Ano de eleições, copa do mundo e infelizmente, tragédias, que vão desde a cidadezinha do interior até a capital federal, escândalos e novamente, uma velha conhecida nossa, a corrupção.
Ano que tirou do palco da vida, “Marielle”s, “Tatiana”s e “Caroline”s, mulheres que em diferentes papeis tiveram suas vidas ceifadas pela crescente violência que assola o país. Para situar você, amigo leitor, cabe mencionar a trajetória destas mulheres. Marielle foi caso de repercussão nacional e internacional, vereadora eleita com grande número de votos pelo PSOL – Partido Socialismo e Liberdade, era a voz da periferia nos púlpitos, denunciando abusos e restrição de direitos, teve sua voz calada por uma emboscada em plena via pública e que além de sua vida, levou também a do amigo e motorista Anderson, mais um trabalhador brasileiro.
Já Tatiana, entrou para as tristes estatísticas dos casos de feminicídio no Brasil, advogada, passou momentos de terror antes de ser assassinada pelo próprio companheiro no Paraná. O caso chocou o país, porém não fez mudar nossa dolorosa realidade, que só piora com o passar dos anos, reflexo do patriarcalismo vigente desde outrora.
E Caroline, mulher de fibra, batalhadora, policial militar catarinense, quando em férias no Nordeste, reconhecida por criminosos como sendo membro de Segurança Pública, foi alvejada por disparo de arma de fogo junto ao marido, vindo a óbito posteriormente, deixando o Estado todo de luto. Mulher, que enquanto os outros descansavam colocava sua farda e saía para a luta diária contra o trafico e a criminalidade florescente.
Destarte, seus nomes não serão jamais esquecidos, visto a importância da participação feminina em diversos âmbitos sociais, e que não devem ser apagados por meros “achismos” ou inconformismos por questão de gênero. Ou seja, Marielle vive, mas a advogada Tatiana e a Soldado Caroline também, além de tantas mulheres e homens que perderam sua vida por banalidades decorrentes da violência hodierna.
Após estes fatídicos acontecimentos, há que se recordar que nossa história também foi apagada, através das chamas que destruíram nosso Museu Nacional, retratando o difícil quadro enfrentado pela Cultura no Brasil, e o verdadeiro descaso por parte dos órgãos estatais. E que segundo Cerino T. Willians, “um povo sem cultura é um povo sem soberania”. Ora, um destino cruel, não é mesmo, guardemos as lembranças apenas na memória e no coração.
Ah, as eleições, mais parecia Casos de Família (Programa de Tv, apresentado por Christina Rocha no SBT) ou talvez novela das 9, pois teve de tudo, de lavagem de “roupa suja” até mesmo atentado contra a vida, e que configurou um triste capítulo para a história da democracia tupiniquim. Bolsonaro se saiu melhor nas urnas, se será um bom presidente, isto não se sabe, que se aguardem os próximos capítulos, pois agora não terá mais trama, e espera-se que o Brasil não se torne novela mexicana, daquela que desde o início já se sabe o final.
Em relação aos casos de corrupção, estes vieram de enxurrada. Do presidente ao vereador, do sobrinho ao doleiro, do maior dos estados ao menor dos municípios. Infelizmente apenas repetiram-se os fatos, pois para o povo mais parecia déjà-vu, porque de novidade não se vislumbrou nada, apenas os velhos contos da carochinha, nenhuma alvíssara.
A natureza revoltou-se, queimadas, terremotos, tsunamis, Estados Unidos, Indonésia, Itália, ilhas caribenhas e até mesmo no Brasil, o que reflete um verdadeiro descaso com o clima global, assunto mais que pertinente desde ao grande empresário até o ribeirinho manauara. Pesarosamente, grandes líderes mundiais parecem dar a mínima para estes assuntos, e se cogita até mesmo a saída do acordo do Clima de Paris, como são os casos de Donald Trump nos EUA e a liberação da caça as baleias no Japão, o que traz grande revolta ao redor do mundo.
O Neymar caiu bastante, famosos casaram, separaram, nasceu príncipe, teve casamento real extravagante, os franceses venceram a Copa da Rússia, brasileiros nos envergonharam neste país também. Marta melhor do mundo pela 6ª vez, cadê os aplausos?
Até mesmo o Médium João de Deus foi para o chilindró e junto com o ex-presidente da República passou a ver o nascer do sol de outra forma geométrica. A justiça em nível nacional em pé-de-guerra, foi habeas corpus de uma lado, revogação de decreto de outro, Luis Roberto Barroso poetizando ironicamente contra Gilmar Mendes. Vixi, que situação!
E 2019, como será? Espera-se que com muita alegria, paz, solidariedade, saúde, e com muitas, mas muitas, histórias salutares para contar. Que gestos fraternos sejam mais frequentes e que violação de Direitos Humanos, seja palavra obsoleta e extinta na Nação Brasileira. Feliz Ano-Novo!
Micael Eduardo Bonfim*
*Acadêmico da 5ª fase do curso de Direito UnC – Campus Marcílio Dias
Deputado Jovem do Estado de Santa Catarina (2015)
Membro do Núcleo de Pesquisa em História (NUPHIS/CNPq)
Bolsista de Iniciação Científica