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As origens da Igreja: de Jesus Cristo e as Escrituras à filosofia patrística

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Escrito por; 

 

Micael Eduardo Bonfim¹

Gabriel Vinícius de Lima²

 

 

 

O vocábulo “Igreja” nasce do latim “ekklésia” que significa “convocação”, ou seja, ela é formada por todos os fiéis que selados pelo Sacramento do Batismo tornam-se um só em Cristo, chamados a integrar a unidade, a ser membro de um mesmo Corpo Místico, cuja cabeça invisível e divina é o próprio Jesus.

 

 

Embora fosse judeu, e não católico (visto ter sido seu fundador), Cristo deu início à sua Igreja pregando a boa nova salvífica do Reino de Deus, prometido desde outrora pelos profetas. Destarte, o Messias ao anunciar a Palavra de seu Pai às pessoas, difundindo o Evangelho, deixava uma das bases milenares de sua comunidade.

 

 

Momento ímpar na história da Igreja e considerado como o seu fundamento está expresso no Evangelho de Mateus, no qual o Salvador entregando as chaves a Pedro, disse-o: “Pedro tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18) após o apóstolo reconhecê-lo como o filho de Deus (Mt 16, 16).

 

 

Ao findar sua obra terrena, o Espírito Santo, no dia de Pentecostes, foi enviado para que, de forma contínua, santificasse a sua Igreja, manifestando-se publicamente para uma grande multidão, dando a expressa autorização para que seus primeiros seguidores começassem a pregação do Evangelho ao redor do mundo (CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 2017, p. 220).

 

 

Sabe-se que a Bíblia Sagrada é de fundamental importância para o catolicismo. Nesta toada, importante salientar que inicialmente ela detinha mais de duzentos livros, dos quais restaram apenas setenta e três, contando o antigo e o novo testamento. Referidos livros foram sintetizados e compilados por intermédio dos bispos reunidos no Concilio de Hipona, no ano de 393 d.C, no qual se oficializou os Cânones Bíblicos tidos como inspirados pelo Espírito Santo.

Foto: Grande Manuscrito de Isaías, Museu de Israel

 

Nesta senda, além da Sagrada Escritura como fonte viva da Palavra de Deus e inspiração do Espírito Santo, a Igreja Católica possui como alicerces a Tradição e o Magistério, conforme ensina o Catecismo: “a quem está confiada a transmissão e interpretação da Revelação, não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, ambas devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência (CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 2017, p. 35).

 

 

Do mesmo modo, “o encargo de interpretar autenticamente a Palavra de Deus, escrita ou contida na Tradição, foi confiado só ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo, isto é, aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma” (CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 2017, p. 36).

 

 

Para tanto, utilizando da hermenêutica bíblica surgiram os primeiros intérpretes das Sagradas Escrituras cujos escritos se difundem até a hodiernidade, os chamados Santos Padres ou Pais Apostólicos da Igreja. Desta forma, incumbiu-se a eles a missão de defender as verdades doutrinais da fé católica, sua liturgia e costumes, com o fito de obliterar as heresias florescentes por pensadores pagãos.

 

 

A este período da filosofia cristã dos primeiros três séculos denominou-se patrística. Resumidamente, pode-se dizer que este foi o “pontapé” filosófico responsável pelo deslindamento patente dos dogmas cristãos.

 

 

Ao lado de Santo Agostinho de Hipona (354-430 d.C.), um dos maiores expoentes do período em questão e, de modo geral, da história da Igreja, podem-se citar como grandes nomes da filosofia patrística, o Papa Clemente I (35-100 d.C.), Policarpo de Esmirna (69-155 d.C.), Tertuliano (160 – 225 d.C.), entre outros.

 

 

Crucial para compreender o contexto histórico vivido, importante fonte é extraída da Epístola de Inácio de Antioquia aos Esmirniotas, um dos tantos livros que ficou de fora do cânon bíblico oficial, mas do qual não se tem dúvida seu notável valor historial.

 

 

Escrita por volta do ano 107 d.C em Trôade, a carta de Inácio ao povo de Esmirna faz a primeira referência à Igreja enquanto católica: “onde aparece o bispo, aí esteja a multidão, do mesmo modo que onde está Jesus Cristo, aí está a Igreja católica” (Esmirniotas 8, 2). Cumpre repisar que além da manifesta expressão, o referido cânon sintetiza importantes dogmas do catolicismo que se estende à atualidade, a exemplo da autoridade episcopal e da validade dos sacramentos.

 

 

Um dos pontos de divergência entre os cristãos está no fato de se alegarem que a Igreja Católica teria sido fundada por Constantino (272-337), o Grande. Contudo a partir das fontes mais tenras, denota-se, quase que impossível a fundação da Igreja pelo referido Imperador, tendo em vista que esta já se encontrava organizada e, inclusive, espalhada por muitas terras e angariada de muitos adeptos.

 

 

Não se nega aqui a importância de Constantino, em conjunto com o Imperador Licínio, através da expedição do Édito de Milão, documento pelo qual reconheceu os direitos dos cristãos católicos de expressarem a sua fé livremente, sem interferência do Império Romano, extirpando a perseguição generalizada e oficial contra os cristãos.

 

 

Sem dúvida, as discrepâncias acerca da história oficial da Igreja são comuns e vem sofrendo dilapidações ainda hoje. O presente texto trouxe à baila a temática sob a ótica católica, não tendo o condão de exaurir o tema nesta mesma oportunidade, restando vários prismas acerca da questão. Ainda, em tempo, o Catecismo da Igreja Católica assegura que para que a Igreja possa realizar a sua missão, o Espirito Santo enriquece-a e guia com diversos dons e carismas.

 

 

 

  1. Micael Eduardo Bonfim é graduando da 10ª Fase do Curso de Direito da Universidade do Contestado, Campus Canoinhas e vinculado ao Núcleo de Pesquisa em História (NUPHIS) da UnC.

 

  1. Gabriel Vinícius de Lima é jovem aprendiz do Núcleo de Práticas Jurídicas na Universidade do Contestado, Campus Canoinhas e aluno do 9º ano do Ensino Fundamental na E.E.F. Sagrado Coração de Jesus, Canoinhas.

 

 

Referências

BÍBLIA SAGRADA. Edição Pastoral, São Paulo: Paulus, 2004.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 19ª. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas, Loyola, Ave-Maria, 2017.

ANTIOQUIA, Inácio de. Epístola aos Esmirniotas. Disponível em: http://www.e-cristianismo.com.br/historia-do-cristianismo/pais-apostolicos/inacio-de-antioquia-epistola-aos-de-esmirna.html. Acesso em 28 set. 2021.

 

Equipe Gazeta
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