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Apresentação do programa PC por elas e intervenções relacionadas a violência contra a mulher

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No dia 29 de agosto entre 10 e 12 horas da manhã, o Coletivo Cegueira e Solidariedade recebeu para uma conversa a Psicóloga Policial Mellize da Silveira Cardoso. A temática intitulada como: “Apresentação do programa PC por Elas e intervenções relacionadas a violência contra a mulher” foi proposta como forma de ampliar o debate e conseqüentemente o combate a todas as formas de violência praticadas contra as mulheres.

 

Inicialmente, Mellize falou dos tipos de violência que constam na Lei 11.340 (Lei Maria da Penha) e na forma de denunciar tais práticas, como os canais DISQUE 100 e 181 (canais de denúncia anônima) onde as denúncias recebidas são encaminhadas para a rede de proteção, a Delegacia Virtual (www.pc.sc.gov.br), onde as vítimas da violência contra a mulher podem denunciar ameaça, injúria, calúnia e difamação seguida de homologação e encaminhamentos a partir da Delegacia física mais próxima, há a possibilidade da vítima de violência procurar o CREAS (Centro de Referência Especializado da Assistência Social) para suporte psicossocial.

 

A psicóloga comentou acerca da dificuldade de acesso da vítima às instituições de denúncias, o que inviabiliza as ações após denúncia, principalmente em tempos de Pandemia. Expôs a forma como são adotadas as medidas protetivas de urgência, que podem ser solicitadas sem o processo de judicialização, o que implica no afastamento do agressor e no encaminhamento da vítima aos serviços da rede de proteção.

 

Sobre o ciclo de violência, a psicóloga apresenta de forma ilustrativa as três fases de um relacionamento abusivo, onde a primeira fase compreende a evolução da tensão, a segunda fase onde já ocorre o incidente de agressão e a terceira fase diz respeito a “lua de mel” onde o comportamento do agressor muda totalmente e ele se mostra gentil e atencioso, prometendo mudanças e melhorias no relacionamento. As fases do ciclo se tornam recorrentes, e a vítima encontra dificuldades em romper o laço afetivo, respaldada em um sentimento de esperança, confiando no agressor e muitas vezes ainda se culpabilizando pela violência – o que caracteriza a condição submissiva da mulher que é culturalmente marcada pela construção patriarcal e machista de nossa sociedade.

 

Mellize admite a complexidade da condição da violência no contexto social em que nos encontramos inseridos e sugere que uma das mudanças exponenciais seria a de hábitos dentro de nossa cultura, hábitos estes que incubem características distintas aos papeis de gênero e são ensinados desde a tenra infância. Considera ainda como possibilidades de intervenções para além da mudança cultural, o fenômeno como algo multidimensional que perpassa de imediato a educação e a segurança pública.

 

Sobre o “Programa Polícia Civil por Elas”, que abarca o conjunto de ações da Polícia Civil de Santa Catarina para o enfrentamento da violência contra a mulher, a psicóloga apresenta como objetivo do programa a redução dos índices de violência, em um trabalho construído conjuntamente entre vítimas, agressores, adolescentes e policiais civis por meio de metodologias que contribuem para as discussões de papeis de gênero. O trabalho é embasado teoricamente pela filosofia da Segurança Cidadã, que considera os indivíduos como instrumentos da desconstrução da violência de forma multidisciplinar. Para a realização de Seminários, é necessária uma investigação local das demandas necessárias que são pontuais da região determinada, a considerar as estatísticas da realidade local.  O trabalho da Polícia Civil nesse sentido vem avançando pelas diversas regiões do estado de Santa Catarina.

 

Durante a webinar, Mellize contemplou de forma generosa os vários questionamentos e apontamentos realizados pelos participantes e finalizou sua fala agradecendo o espaço. Em nome do Coletivo Cegueira e Solidariedade agradecemos a disponibilidade da profissional que vem trabalhando constitutivamente contra a violência, evidenciando a urgência da temática a ser debatida e acolhida nos diversos espaços, através da educação, na cultura, no meio social, independente de gênero, em luta constante contra toda forma de barbárie, prezando pela harmonia nas relações sociais. Mellize, receba nosso carinho, nosso abraço e nossa gratidão!

 

 

Reginaldo Antonio Marques dos Santos

Cristiélen dos Santos

 

Para acessar a webinar na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=sa24Pkbnf2U&t=501s

Arte: Reginaldo Marques/ Mellize Cardoso
Equipe Gazeta
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