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Ana Maria Primavesi: referência mundial em agroecologia!

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Annemarie Conrad nasceu no ano de 1920, em St. Georgen ob Judenburg, cidade localizada no Estado da Estíria, Áustria. Oriunda de família nobre, nasceu e viveu em um castelo e teve destacada formação cultural à época. Mesmo diante das dificuldades enfrentadas na Europa, devido às devastas consequências causadas pela Segunda Guerra Mundial, frequentou Universidade Agrícola de Viena e se graduou Engenheira Agrônoma.

 

 

Após a conclusão do curso de agronomia, Annemarie Conrad cursou doutorado em nutrição de plantas, sendo que, segundo ela, ao longo do percurso acadêmico foi privilegiada, pois conviveu com excelentes professores, os quais lecionavam as disciplinas de maneira ampla, geral ou interdisciplinar, ou seja, em conectividade com as demais ciências que influenciavam o manejo agrícola.

 

 

Em 1946, Annemarie Conrad casou-se com Arthur Primavesi, sendo que, em razão das poucas expectativas em relação ao futuro na Europa com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1949 o casal optou por novas condições e relações de vida e decidiram residir no Brasil. Em solo brasileiro, Annemarie Conrad passou a chamar-se Ana Maria Primavesi.

 

 

Inicialmente, Ana Maria Primavesi e seu marido fixaram residência no estado de São Paulo, em razão do trabalho de Arthur Primavesi como superintendente para o plantio de trigo, na Secretaria de Agricultura daquele estado. Ana, frequentemente acompanhava e assessorava o marido nos trabalhos técnicos desenvolvidos em terras brasileiras.

 

 

Em 1961, após um excelente trabalho de recuperação de solos desenvolvido no estado de São Paulo, o casal Primavesi mudou-se para o Rio Grande do Sul, mais especificamente na em de Santa Maria, onde Ana Maria iniciou a carreira acadêmica, muito próspera como professora e pesquisadora junto à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Naquela instituição, no período que compreende os anos de 1961 a 1974, lecionou sobre produtividade de solos, deficiências minerais, agrostologia, fez pesquisas e dirigiu o laboratório de biologia e de análise de solos, dentre outras atividades. Periodicamente, cientistas de renome eram convidados para ministrar palestras junto à UFSM, sendo que vários escritos e publicações importantes se tornaram referências mundiais dessa trajetória profissional.

 

 

Arthur Primavesi faleceu em 1947, vítima de câncer. Após, Ana adquiriu uma chácara, em Itaí (SP) e retornou àquele estado. O terreno escolhido tinha o solo compactado e com sulcos de erosão, o que desafiou a pesquisadora a restaurá-lo e torná-lo produtivo. Durante os 32 (trinta e dois) anos em que Ana Primavesi viveu em Itaí, ela recuperou as nascentes, regenerou a mata nativa e o ambiente reviu-se recoberto de elementos naturais, incluindo a fauna.

 

 

Ao longo da sua trajetória científica e acadêmica, Ana Primavesi dedicou seu tempo à participação em congressos, palestras, encontros e demais eventos acadêmicos. Ana percorreu o mundo ministrando ensinamentos, relatando experiências e encantando pessoas com a simplicidade nas suas palavras, numa linguagem compreensível e acessível a todos, mas, especialmente, e, acima de tudo, enfatizando que os solos tropicais deveriam ser manejados e cuidados em conformidade com a realidade e especificidades tropicais e não com tecnologias importadas.

 

 

Dentre os livros e artigos científicos escritos por Ana Primavesi, destaca-se o Manejo Ecológico do Solo, lançado no ano de 1980, o qual orienta sobre a necessidade de se manter o solo tropical coberto por matéria orgânica -, procedimento que possibilita a regeneração do solo pela microvida. A agroecologia praticada e ensinada por Ana Primavesi é um método da agricultura natural que alia conhecimento, observação e atuação, alicerçada nos processos naturais e de respeito ao tempo da natureza.

 

 

Os princípios e conhecimentos de Primavesi em relação aos cuidados e a preservação dos solos, bem como, o manejo adequado dos mesmos tornaram-se referências na agricultura brasileira. Afinal, solo bom para o cultivo é o solo vivo, solo orgânico! Em um palmo de mão de terra (solo), por exemplo, há aproximadamente 5 (cinco) bilhões de seres vivos (bactérias, fungos, amebas, ácaros, algas, dentre outros) que mantêm o solo grumoso e rico em matéria orgânica, o que possibilita maior mobilidade e crescimento das raízes. Ou dito de outra forma, o solo é a base de todas as espécies de vida!

 

 

Sob tais perspectivas, verificam-se que os ensinamentos teóricos e práticos sobre os solos e a produção agroecológica, promovidos por Ana Primavesi, contribuíram e contribuem significativamente para ampliar os conhecimentos e qualificar as práticas desenvolvidas pelos agricultores, estudantes, professores, técnicos e pesquisadores, não somente na área das Ciências Agrárias, mas também e especialmente nas demais ciências ambientais. A relação existente entre o solo vivo, a planta sadia e a saúde humana, traduz-se no seu fundamental princípio agroecológico (KNABBEN, V. M. AMBIENTES. Volume 2, Número 2, 2020, pp. 190-217. ISSN: 2674-6816 DOI: https://doi.org/10.48075/amb.v2i2.26587).

 

 

Atualmente, Ana Maria Primavesi é reconhecidamente uma das mais importantes e respeitadas agrônomas mundiais. Para a pesquisadora, era indispensável contemplar e aprender com a natureza. Ou seja, era fundamental observar, respeitar e manejar adequadamente e ecologicamente o solo. Além disso, é preciso repensar a produção agrícola numa dimensão ecológica, ausente de tóxicos ou produtos químicos em defesa das práticas da agricultura natural. Isto porque, o solo vivo, permeável e protegido, influencia e possibilita o armazenamento de água, bem como melhora o desenvolvimento da flora e promove a vida de todos os seres vivos. A agroecologia é, assim, uma prática agrícola que depende e interage com os fatores naturais de uma região, incluindo solo-água-clima, ou seja, uma maneira de praticar a agricultura adaptada ao ecossistema natural.

 

 

Ana Maria Primavesi, referência mundial em agroecologia e considerada pioneira do tema no Brasil, faleceu em 05 de janeiro de 2020, em São Paulo, com 99 anos. Deixou enorme legado à ciência agronômica, principalmente em relação ao manejo adequado dos solos, de igual forma a agroecologia, bem como, às ciências ambientais. Além disso, defendia intensamente o respeito ao meio ambiente e a promoção da vida! Viva Ana Maria Primavesi!.

 

 

Mestre Krishna Schneider Treml – Doutoranda em Desenvolvimento Regional pela Universidade do Contestado – UnC

E-mail: [email protected]

 

Dr. Jairo Marchesan. Docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional e do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado (UnC).

E-mail: [email protected]

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