É notório e reconhecido a íntima relação entre a água em todas as formas de vida, sendo atribuído a ela como o mais importante dos bens naturais necessários para a permanência e continuidade da vida no Planeta Terra. Pelo conhecimento que temos, o Planeta Terra é o único dos Planetas do sistema solar que possui água em seus três estados naturais (sólido, líquido e gasoso). A água, desde a antiguidade, já foi considerada por alguns povos como fonte inesgotável. No entanto, o mau uso, aliado ao desperdício e à utilização sem conscientização ambiental causaram alterações drásticas e preocupantes em relação à quantidade, e, às vezes, também em qualidade deste bem natural.
Das águas encontradas em nosso Planeta, estima-se que 97% estão localizadas nos Oceanos, sendo essa porção imprópria para o consumo humano e animal devido à salinização. Os processos que possibilitam a dessalinização das águas são alternativas para suprir eventual escassez, mas ainda são poucos os métodos existentes, e com elevados custos econômicos para a realização desses processos. Um percentual consideravelmente pequeno, ou seja, apenas 3% de toda água do Planeta Terra são de água doce, e mediante alguma forma de tratamento pode ser utilizada para o consumo dos humanos.
Segundo levantamento da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico – ANA, o Brasil possui em seu território 12% da água doce existente no Planeta, no entanto, uma das principais dificuldades para acesso é o fato da distribuição desse bem natural ser de forma irregular, ou seja, a maior porção de água doce existente em nosso país está localizada em territórios onde a densidade demográfica da população é considerada baixa.
Na região onde residimos (Sul do Brasil) as águas profundas estão distribuídas em dois importantes aquíferos, denominados: Sistema Aquífero Serra Geral (SASG) e o Sistema Aquífero Guarani (SAG); O Sistema Aquífero Serra Geral é formado por rochas resultantes de atividades vulcânicas, e nesse aquífero a água percola entre as fendas. Pode ser encontrada até a profundidade média de 1300 metros. Nesse aquífero a água é localizada entre as fendas das rochas. De maneira geral, apresenta água de boa qualidade e propícia ao consumo humano, porém, salienta-se a importância dos testes de potabilidade antes do consumo humano. Já o Sistema Aquífero Guarani, esse é formado por rochas arenosas e nelas a água encontra-se alojada dentro da rocha, ou seja, nos poros que a formam. Esse aquífero está localizado em uma área muito extensa, abrangendo vários estados Brasileiros, como: GO, MG, MS, SP, PR, RS e transpassa nossas fronteiras, atingindo outros países, dentre eles Uruguai, Argentina e Paraguai. Nesse aquífero a água pode ser encontrada em uma profundidade entre 300 e 1300 metros, mas também aflora em alguns municípios, característica esta que o torna em tais áreas mais suscetível à contaminação, seja através de esgotamento sanitário ou até mesmo em decorrência das atividades agropecuária e industrial.
Em ambos os sistemas (aquíferos) a água não está reservada em enormes bolsões, formando imensos lagos subterrâneos, mas, sim, entre as fendas das rochas que o formam, ou até mesmo nas partículas constituintes dos arenitos. Cabe salientar, também, que toda água subterrânea já foi água de chuva ou superficial! Por isso a importância dos cuidados que se devem ter em relação à contaminação desses aquíferos. Afinal, a contaminação de tais aquíferos pode comprometer a utilização desse tesouro líquido.
Nos últimos anos, devido à contaminação excessiva das águas superficiais, protagonizou-se uma corrida pela pelas águas profundas, através de perfuração de poços tubulares profundos. Por isso, há a necessidade de urgente conscientização e normatização da exploração desse bem natural, buscando a utilização de forma justa, racional, equilibrada e consciente, evitando, desta forma, a escassez ou falta do bem natural fundamental à sobrevivência humana e outras formas de vida neste Planeta.
Antônio Cristiano Lara Sampaio – Mestrando no Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado (UnC). E-mail: [email protected]
Aline Viancelli, William Michelon e Jairo Marchesan – Docentes do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado (UnC).