Na noite da última quarta-feira, dia 03 de abril de 2019, os alunos da terceira fase do curso de Direito da Universidade do Contestado (Canoinhas) apresentaram no auditório do Campus Marcílio Dias o seminário “Criminologia e(m) Black Mirror: abordagens possíveis”. Proposto como atividade da disciplina de criminologia, ministrada pelo professor Paulo Silas Filho, o seminário consistiu na realização expositiva de uma abordagem acadêmica sobre a série “Black Mirror” – uma antologia de ficção científica que aborda criticamente diversas mazelas presentes na sociedade, muitas dessas que se tratam de uns dos objetos de estudo da criminologia.
O acadêmico Daniel Chupel destacou que “a atividade de Criminologia com abordagens sobre a Série Black Mirror contribuiu de maneira criativa e dinâmica para enriquecer diversas áreas do conhecimento, de modo que sua realização ficará marcada em nossa formação acadêmica”. A representante
Coordenado pelo professor Paulo Silas Filho, contando também com o apoio e participação da professora Danielly Borguezan (coordenadora do curso de Direito) e do professor Helio Ortiz, o seminário consistiu em uma atividade interdisciplinar, uma vez que a relação estabelecida entre Direito e Arte, fomentada pelos campos que deram o sustentáculo para os trabalhos realizados na atividade (filosofia, sociologia, psicologia…), permite o diálogo entre variadas disciplinas, prezando ainda pela metodologia ativa de ensino, pois os próprios alunos, divididos em grupos, foram os responsáveis pelos trabalhados realizados e apesentados.
“Sendo eu portador de necessidades especiais (baixa visão), acredito que a palavra ‘superação’ se enquadra perfeitamente como resultado da atividade. A criminologia me faz compreender que não há respostas práticas para problemas complexos, precisamos nos debruçar na historicidade para encontrar soluções equilibradas” – pontuou o acadêmico Erick Lins.
Com base nos conhecimentos adquiridos na disciplina de criminologia, os alunos pensaram criticamente os problemas que são denunciados na série “Black Mirror”, permitindo uma salutar abordagem ilustrativa das problemáticas sobre as quais a criminologia se debruça.
A representante da turma, Isabelle Araújo assim registrou: “O seminário me mostrou que mesmo em se tratando de uma série, ainda podemos ter a visão criminológica e do direito sobre aquilo que assistimos – algo que no início achei que não seria de certa forma possível. Notei que estou no curso certo, pois, realmente, o direito está em tudo”.
A criminologia analisa o crime enquanto um fenômeno para além da forma que usualmente o termo é compreendido. Com base fortemente sociológica (além de outros campos), a disciplina estuda o delito focando em seus objetos próprios: a figura do delinquente, a vítima, o crime em si e o controle social. Com base nisso é que os episódios da série foram estudados pelos alunos.
“A possibilidade de analisar o conceito presente em cada indivíduo – pois jamais saberemos do que o ser humano é capaz” – disse a acadêmica Amélia Cristina quando sobre indaga em que o seminário acarretou para a sua formação acadêmica.
Considerando que a série “Black Mirror” possibilita diversas propostas de abordagem através de suas constantes críticas, os alunos, divididos em grupos, ficaram responsáveis pela escolha de um episódio para servir de base para a realização dos trabalho. “Engenharia reversa” foi trabalhado pelos acadêmicos Daiane Gomes, Eliana Marcia Paulista, Erick Lins, Karin Damaso, Mirela Ruchert e Nathan Budzinski, expondo o conceito de “direito penal do inimigo” pela ótica do pensador argentino Eugenio Raúl Zaffaroni. “Natal” foi abordado pelos alunos Alessandra Figura, Cristiane Chupel, Daniel Chupel, Gabriel Aaron, Juliana Burgardt e Scheila Silva, onde inquietações foram expostas com relação ao avanço da tecnologia e sua presença e influência no âmbito jurídico, tendo Bauman e Chul Han como o principal referencial teórico do grupo. O episódio “Volto já”, trabalhado pelos acadêmicos Aline Estefanina, Gilberto Dias, Isabelle Fernanda, Karolaine Santarém, Maria Eduarda, Nádia Marschalk e Vinicius Negosek, foi apresentado com o enfoque no horror e na perturbação que a presença da tecnologia na vida das pessoas pode causar, trazendo as contribuições de Kubler-Ross para a discussão. “Urso branco” foi o episódio base dos alunos Jeferson Jaros, Marlon Pereira, Ricardo Ostroski e Thaíne Wogeinaki, onde a espetacularização do crime e da pena foi problematizado, tendo como um dos pressupostos a noção de direito penal do inimigo trabalhada por Jakobs. O último grupo, formado pelos acadêmicos Amélia Schmtt, Bianca Przyvitowski, Ilka Guimarães, Jessica Almeida, João Venâncio, Naira Karol e Raquel Bokor, apresentou a abordagem realizada sobre o episódio “Black museum”, quando foi realizada uma viagem filosófica acerca do desenvolvimento racional do ser humano, passando assim pelos pensamentos de Platão, Santo Agostinho, Descartes, Nietzsche, entre outros.
Marlon Pereira assim manifestou sua opinião sobre a atividade: “Nesse seminário, pude tirar minhas conclusões, como no comportamento do ser humano perante outra pessoa e na comunidade. Com isso, absorvi o máximo de conhecimento das várias apresentações realizadas. É algo que levar para toda a minha vida acadêmica. Os grupos nos mostraram algumas atitudes que muitas vezes tomamos na sociedade e nem percebemos, nos levando a querer entender mais sobre elas, buscando entender por que tomamos algumas atitudes perante outros indivíduos”.
O professor e os acadêmicos da disciplina agradecem a todos os que incentivaram e também aos que se fizeram presentes no evento, ensejando assim numa efetiva contribuição à formação acadêmica de qualidade que é fornecida pela UnC.
