Seguindo as discussões sobre as relações entre humanos e outros seres vivos, vamos refletir sobre um dos “pilares” dos ecossistemas: as abelhas! A importância desses pequenos seres vivos ao ambiente e principalmente para a produção da maior parte dos alimentos é gigante, afinal, está associada ao processo de polinização. A polinização é a transferência de pólen entre as plantas, com o objetivo de produzir sementes e frutos, gerando forte correlação entre plantas e animais, proporcionando benefícios para ambos.
A interação entre abelhas e plantas foi uma importante adaptação evolutiva que garantiu aos vegetais aumento do vigor, por meio da polinização cruzada e trocas genéticas, possibilitando novas combinações e aumentando a produção de frutos e sementes. As abelhas são as principais polinizadoras da flora, tanto por serem numerosas quanto pelas adaptações corporais que se ajustam perfeitamente às complexas estruturas florais para embeber o néctar e coletar pólen. Suas relações baseiam-se em um sistema de dependência recíproca, onde as plantas fornecem o alimento, principalmente o pólen, o néctar e resinas, e, em troca, recebem os benefícios da transferência de pólen. Portanto, fantástica interação!
A maioria das abelhas são sociais, ou seja, formam colônias. A organização social das colônias impressiona pela seu arranjo, atuação coletiva ou cooperativa e produção dos produtos. Afinal, compõem uma sociedade constituída por diferentes castas: uma, é a abelha rainha que é a única fêmea fértil da colmeia, outras, são as operárias que, ao longo de sua vida assumem diferentes tarefas em prol da colônia, e por fim os zangões que são os machos e sua função é copular com a rainha. Entre as mais de 20.000 espécies de abelhas conhecidas, algumas são produtoras de mel, e por essa razão são denominadas abelhas melíferas.
Outras espécies podem ser carnívoras e até mesmo saqueadoras, vivendo da pilhagem de outras colmeias. Entre as abelhas melíferas destaca-se a Apis mellifera, ou abelha com ferrão, que são abelhas “tradicionais” e usam seu ferrão para defesa da colônia. Possuem colmeias com cerca de 80.000 indivíduos e foram trazidas ao Brasil pelos Padres Jesuítas ainda no início do processo de colonização. Há diversas espécies nativas do Brasil (cerca de 300 conhecidas), como as abelhas sem ferrão, que, por fatores evolutivos tiveram seus ferrões atrofiados, portanto, são incapazes de atacar. Também são importantes agentes polinizadores de espécies endêmicas e podem ser criadas em ambientes urbanos, próximo a residências. Outra diferença interessante entre a Apis melifera e as abelhas nativas é que as Apis armazenam o pólen e o mel em favos feitos de cera, e as abelhas nativas armazenam seus suprimentos em potes feitos de uma mistura de cera e própolis.
A relação entre as abelhas e as espécies vegetais fica ainda mais interessante quando observamos que o sabor e a cor do mel serão influenciados pelas fontes de coleta de alimento da abelha e podem ter um perfil resinoso ou floral a depender do período do ano e da disponibilidade de flores ou de espécies que forneçam resinas. Os méis resinosos costumam ter seu sabor mais intenso e coloração mais escura, já méis de fontes florais, normalmente são mais claros e com sabores mais suaves. Contudo, isso não é uma regra, as diferentes espécies de abelha também produzirão méis com cores e sabores diferentes, o que permite uma infinidade de experiências sensoriais.
Quanto mais diversa for a flora para que as abelhas possam escolher suas fontes de coleta, maior será a disponibilidade de cores e sabores dos méis. Desta maneira, o ser humano pode contribuir plantando e preservando espécies vegetais que produzam flores!!! Mas, não é apenas o mel! Toda a produção de frutos passa pelo trabalho dessas nobres “guerreiras”. Sem elas, não teríamos nossas frutas favoritas. Os produtores de maçãs, por exemplo, criam abelhas no meio das plantações para obterem maior quantidade, produtividade e qualidade dos frutos.
Você sabia de todas essas contribuições das abelhas? Achou incrível? Imagino que sim. Mas você sabia que as abelhas estão desaparecendo do Planeta? Sem abelhas não há frutos, e, consequentemente não há comida para alguns animais, e estes não terão sementes para dispersar, e então novas plantas não nascerão. É um “efeito dominó”. Sobre isso, é atribuída ao cientista Albert Einstein a frase de alerta: “Se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas alguns anos de existência.
Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais não haverá humanos”. O que podemos fazer então para ajudar e manter os “pilares” do ecossistema? Uma das ações é plantar e preservar as flores! Muitas flores!!! Além de deixar o ambiente diferenciado, dinâmico, colorido, alegre e com “mais vida”, as abelhas agradecem! Portanto, plantar e preservar vegetais que produzam flores, principalmente, é possibilitar a produção de alimentos por meio da ação das abelhas!
Nívia R. W. Peter – Mestranda no Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado (UnC).
Eduardo R. Batiston, Aline Viancelli, William Michelon e Jairo Marchesan – Docentes do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado (UnC).