Você caro leitor, por certo já ouviu falar numa antiga lenda sobre uma noiva que costumava assombrar uma escola de Três Barras. Porém, meu avô, que gostava de contar histórias, não via nisso tudo, nenhuma assombração. O que ele via, era uma história de amor.
Contava ele, quase beirando aos cem anos, que naqueles tempos em que se amarrava cachorro com linguiça e se dava nó em pingo d’água, era grande o movimento dos mascates que cruzavam estas paragens. Desembarcavam do trem carregados de malas, alugavam uma mula e adentravam as matas levando as novidades. E foi nessa leva, que um mascate muito galante bateu num sítio onde morava um casal idoso. Com eles, vivia uma bela moça, afilhada do casal. Entre botões, rendas e fitas, o mascate esticou os olhos para a bela menina moça.
Se apaixonaram!
Mas, como em todo caminho há uma pedra, nesse também havia: o padrinho, que era uma fera. Precisavam de um local para namorar às escondidas e foi então que pensaram no pátio da escola recém-inaugurada. Naquela época não havia luz elétrica e durante a noite, a escuridão era total. E como ninguém ia na escola, era o lugar ideal.
Era quaresma e a bonitona dizia aos padrinhos que ia na via-sacra, na igreja que ficava no ladinho da escola. Só que em vez de ir rezar, ela ia namorar. Entre idas e vindas, aconteceu uma zebra: o diretor precisou ir até a escola, para pegar um documento e deu de cara com os pombinhos. O susto foi grande.De fato, a moça estava vestida de noiva. O vestido era presente do mascate que a pedira em casamento.
Correu mascate, correu a noiva e fugiu o diretor.
Os pombinhos deixaram uma carta aos padrinhos da moça e voaram rumo a Curitiba, onde se casaram e tiveram muitos filhos. Quanto ao diretor, tratou de espalhar a lenda…
Por: José Fco. de Souza