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O monge em Canoinhas

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Por;   Évelyn Bueno. Advogada. Mestranda em Desenvolvimento Regional (UnC)

 

 

No último texto publicado nesta coluna, em 19 de novembro, intitulado “quantos foram os monges João Maria”, traçamos algumas perspectivas sobre os monges João/José Maria e a sua permanência no imaginário popular.

 

 

Lembremo-nos que houve diversos personagens que assumiram o nome dos peregrinos “João e José Maria”, sendo três deles os de maior importância para a historiografia: Giovanni Maria de Agostini (João Maria de Agostini), Anastás Marcaff (João Maria de Jesus) e Miguel Lucena da Boaventura (José Maria).

 

 

Os moradores de Três Barras, Canoinhas e região possuem referências de estruturas que remetem à presença do personagem mítico nas localidades. Inicialmente menciona-se a gruta de Santa Emídia, no município de Três Barras/SC e a Capela situada no atual terreno da escola Santa Cruz, no município de Canoinhas/SC.

 

 

A passagem e presença do monge João Maria influenciou de forma significativa os líderes da localidade. Francisco de Paula Pereira, que era o chefe político local, tornou-se simpático de João Maria e levantou no alto de um morro uma grande cruz, onde, posteriormente foi erguida uma capela. Dessa capela veio a chamar-se a vila Santa Cruz de Canoinhas. Após conhecer o monge, Francisco de Paula Pereira passou a adotar um conjunto de práticas religiosas e incorporá-las ao cotidiano da povoação que liderava (TOMPOROSKI; MUCHALOVSKI; GERONI; LIMA, 2019, p. 131).

 

 

No entanto, considerando a pluralidade de Joãos Maria, qual deles foi o peregrino que esteve na Gruta e que teve a capela erigida em sua homenagem?

 

 

 

O primeiro monge João Maria peregrinou pelos sertões brasileiros entre 1844 e 1852. O segundo monge João Maria de Jesus (Anastás Marcaf), foi o peregrino que preencheu a lacuna deixada pelo primeiro, e, peregrinou pela região do planalto catarinense entre 1893 a 1908, quando passou pelos campos de Palmas, pelo vale do rio do Peixe e pelo interior de vilas dos municípios de Campos Novos, Lages, Curitibanos, Porto União, Rio Negro e Canoinhas (MACHADO, 2004).

 

 

 

Desse modo, constata-se que dos três monges, o que esteve efetivamente no município de Canoinhas (período em que Três Barras também pertencia à municipalidade), foi o segundo monge Anastás Marcaf, ou, João Maria de Jesus.

 

 

 

Nota: A coluna Diálogos Interdisciplinares sofreu alteração na periodicidade de publicação. Passará a ser publicada quinzenalmente, sempre às quintas-feiras. Destacamos que nos próximos dois ou três meses, os textos serão relacionados com a história regional, contemplando elementos da Guerra do Contestado e de eventos convergentes.

 

Referências:

TOMPOROSKI, Alexandre Assis; MUCHALOVSKI, Eloi Giovane; GERONI, Ivone Mazutti de; LIMA, Pablo Bonifácio Cordeiro de. Entre o invisível e o “herói”: novos olhares sobre o movimento sertanejo do Contestado. Profanações[S. l.], v. 6, n. Ed. esp., p. 119–136, 2019.

 

MACHADO, Paulo Pinheiro. Lideranças do Contestado: a formação e a atuação das chefias caboclas. Campinas: Ed. Unicamp, 2004.

Equipe Gazeta
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