Em meio a tanta diversidade política e ideológica que corriqueiramente fazem-se presente nas mídias de massa e atualmente, nas redes sociais, cabe situar o leitor no que consiste a classificação de espectros conceituais, ditos, até então, como de direita ou de esquerda. O uso destas terminologias nos remete ao fim do século XVIII no que tange à forma de como os membros da Assembleia Nacional Francesa tomavam seus assentos.
Após contextualizar estas definições, é válido mencionar quem eram estes personagens tão importantes e revolucionários, literalmente, para a história mundial. Os jacobinos situavam-se sempre ao lado esquerdo do salão e suas bandeiras e propostas levavam em consideração à classe pobre e os trabalhadores, em contrapartida os girondinos, se sentavam ao lado direito do recinto, e possuíam grande afinidade com a nobreza e articulação com a burguesia em suas proposições.
A partir destes vieses ideológicos, surgiram novos termos, que estão sendo utilizados desenfreadamente, e pior, de maneira deturpada, como por exemplo, o conservadorismo e o progressismo, além de outras premissas básicas como o comunismo, o liberalismo, o anarquismo e o fascismo, que deverão ser analisados em momento posterior.
Cumpre avaliar, que o Brasil, neste 2º turno, vê-se em uma divisão polarizada em blocos e nitidamente partidarista, e que muitas vezes não se atêm a estas classificações, não vislumbrando em suas campanhas ideais democráticos, como liberdade, igualdade, justiça social, entre outros. Até mesmo os eleitores, conhecidos como “muristas” ou indecisos, se veem lançados à própria sorte, sem saber para que lado remar.
Infelizmente, a ocorrência descomedida das “Fake News”, assombra o Estado Democrático de Direito, o qual se conhece hoje e que se reforça nas palavras do filósofo e escritor italiano Umberto Eco, “as mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel. O drama da internet é que ela promoveu o idiota a portador da verdade”¹.
O fato trazido acima contribui para contextualizar o debate hodierno nas redes, pois muitas vezes, a predominância de informações inverídicas que saem do meio político e que atingem o âmbito pessoal dos candidatos fere a democracia e obsta o exercício efetivo dos Direitos. São inúmeros os casos relatados na Justiça Eleitoral, perante o Ministério Público Eleitoral e o Tribunal Superior Eleitoral, através das AIJES (Ações de Investigação Judicial Eleitoral).
Destarte, as copiosas AIJES corroboram e demonstram de como as disputas estão eivadas de obstinação e que reforçam o caráter medieval, e presença das famosas máximas encontradas na Lei de Talião em pleno século XXI. O bordão “olho por olho, dente por dente” está mais vivo do que nunca, o que me entristece diuturnamente.
Em suma, o que se verá ao fim deste pleito eleitoral apenas confirmará a grande divergência que divide a nação brasileira. No fim desta breve explanação só posso chegar a uma conclusão, é que aquela que previu o momento que vivenciaríamos neste 2º turno das eleições presidenciais, foi a ex-presidente da República Dilma Rousseff e que seu discurso harmoniza-se com o que penso, e a parafraseio neste, “não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder”. Só espero uma coisa em 2019, que eu possa continuar escrevendo, criticando, ouvindo, debatendo, pois assim como o pensamento salutar de Albert Einstein, “meu ideal político é a democracia, para que todo o homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado”. Aguardemos.
Micael Eduardo Bonfim*
*Acadêmico do curso de Direito UnC – Campus Marcílio Dias
Deputado Jovem do Estado de Santa Catarina (2015)
Membro do Núcleo de Pesquisa em História (NUPHIS/CNPq)
- Em entrevista após cerimônia em que recebeu o título de doutor honoris causaem comunicação e cultura na Universidade de Turim, em 2015.
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