A palavra pensar tem origem no latim “pensare”, que significa pesar ou avaliar algo. Sócrates (470 a.C – 399 a.C), filósofo grego, afirmou: “Eu não posso ensinar nada a ninguém, só posso fazê-los pensar”. Partindo desta afirmação, cabem alguns questionamentos: Será que, na condição de professores, conseguimos de fato ensinar? Ou, talvez, uma das nossas tarefas seja, sobretudo, estimular os estudantes a pensarem e refletirem? Assim, entende-se que uma das funções políticas, sociais e civilizatórias dos professores é estimular as crianças, jovens e adultos, em todas as fases da Educação Formal ou não Formal, a pensarem, e sobre tudo. Neste sentido, a escola e o professor, na condição de mediadores do processo ensino-aprendizagem, não podem ser esteiras de transmissão ou reprodutores de saberes, conhecimentos, técnicas e macetes, às vezes pensados e elaborados externamente. Pode-se afirmar, de maneira categórica, que a escola é um espaço privilegiado para o estímulo ao pensar e promoção da interação social, especialmente dos estudantes.
Nesta direção, o professor passa a desempenhar o papel de mediador do processo. De igual modo, onde estivermos, é preciso estimular as pessoas a pensarem. O exercício do pensar é urgente e necessário, senão fundamental. Pessoas que pensam sobre suas realidades e condições concretas da vida são, de vanguarda, especiais, diferenciadas, autônomas, emancipadas e independentes. Pensar não machuca e nem dói, e pode e deve ser um ato contínuo, prazeroso, desafiador e sistêmico.
É algo que tende a nos tornar mais justos, honestos e capazes de produzir nossas próprias conclusões sobre as diferentes temáticas ou assuntos que se apresentam cotidianamente. Para melhorar ou potencializar o pensar, devemos nos propor a estudar, ler, reler, refletir e reservar um tempo para questionar e questionar-se. Ao se pensar sobre qualquer objeto, sugere-se fazê-lo de modo não fragmentado, unilateral ou individualizado, mas, sim, de maneira abrangente ou que considere a totalidade, ponderando acerca de todos os fatores, condições e variáveis possíveis. Pensar é fundamental para ampliar ou alargar os horizontes conceituais e analíticos; é algo que prepara para os desafios que a vida apresenta, seja no âmbito pessoal, profissional ou acadêmico.
Nesta direção, quem pode ajudar ou contribuir para que as pessoas possam pensar? Ou, de quem é a função de fazer as pessoas pensarem? Sim, os pais, as escolas, as universidades, as igrejas, as instituições, as corporações, enfim, todos podem ou possuem a responsabilidade de ajudar a tornar a sociedade mais pensante, com indivíduos mais capacitados a questionar e a ter consciência e uma visão mais crítica dos processos que permeiam a vida, social, ambiental, política, educacional e cultural. As famílias têm a responsabilidade primária de iniciar os estímulos a pensar, bem como, podem contribuir com o diálogo familiar, motivando ou estimulando à reflexão.
Pensar, portanto, não é algo restrito a professores, pesquisadores, intelectuais ou filósofos. Pensar é tarefa de todos. Que esta reflexão nos estimule, cada vez mais, a pensarmos, e sobre tudo. Que o pensar possa nos levar à investigação acerca da origem ou procedência dos fatos, dos objetos, dos bens naturais (solos, água, ar, fauna, flora), entre outros. Essa investigação se dá a partir do momento em que questionamos: Como são transformados? Quais ou como são os processos de transformação? Quem, como, onde e em que condições as pessoas trabalham? Quais as dificuldades, contradições e fragilidades existentes em todas as circunstâncias? Por que as pessoas são ou agem assim? Poderiam ser diferentes? Quais as influências? Enfim, o ato de pensar deve nos induzir a questionar.
Que o estímulo ao pensar possa nos levar a questionar o mundo e as condições nas quais vivemos, mas, sobretudo, que nos estimule a promover o bem comum, a paz, a solidariedade, a cooperação, a inclusão social e o respeito aos bens naturais; enfim, que represente uma ponte na perspectiva da construção do bem-viver entre nós e o ambiente.
Me. Suellen Cristine Haensch. Coordenadora e docente do Curso de Optometria da Universidade do Contestado (UNC). Doutoranda do Programa de Doutorado em Desenvolvimento Regional da UNC. E-mail: [email protected]
Dr. Jairo Marchesan. Docente dos Programas de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional e do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado (UNC).
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