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Vamos falar sobre direitos humanos?

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Com a detenção de milhares de pessoas que foram mobilizados e aceitaram ir a Brasília com o propósito de fazer exatamente aquilo que fizeram no último dia 08 de janeiro de 2023, começamos a ver pessoas agora “indignadas com a situação” dos detidos. Pois bem, chegamos a um ponto muito interessante: como se posicionam os de esquerda e os de direita neste quesito?

 

É exatamente nesta hora que algumas coisas começam a ficar nos seus devidos lugares e as pessoas e ideias começam e ser identificados e começa a ficar claro uma coisa chamada coerência! Defensores de ideias de esquerda sempre se posicionaram pela defesa dos direitos humanos por um princípio: ninguém deve ser julgado sumariamente e muito menos por uma lei que não tenha o mesmo peso e a mesma medida para todos (mesmo que doa na própria carne, como disse Dilma uma vez).

 

 

E isso serve para bolsonarista violento, porco e vândalo como os que vimos em Brasília? Sim, vale! Ninguém pode ser tratado de forma indigna e desumana para responder e pagar por um crime, isto não melhora ninguém e apenas cria mais revolta. Mas é claro, isso nunca significou para nós de esquerda não punir criminosos, mas sim puni-los sob a força da lei, da lei justa e em condições humanas.

 

 

É isto que nos diferencia dos que se mostram contra os direitos humanos, e é esta postura que vemos hoje nos noticiários: pessoas detidas dentro de um ginásio, e um trabalho incrível de rapidez e agilidade das polícias investigativas, mais de mil pessoas ouvidas em tempo recorde, recebendo marmita, atendimento de emergência e liberados as pessoas em comorbidade, crianças e idosos. Os que depois da oitiva se tornaram suspeitos, foram enviados em prisão preventiva, os demais, liberados.

 

É claro que ficamos tentados em perguntar: o que foram fazer lá estes idosos que para quebrar tudo no domingo estavam ótimos e no ginásio esperando para serem ouvidos estavam “chorando e se vitimizando”, esperavam o quê? Hotel cinco estrelas depois do que fizeram? O que foi fazer lá um pai de família levando uma criança? Afinal, é isso que o pessoal contra os direitos humanos costuma dizer… Mas nós não faremos isto, nós somente seremos COERENTES, como sempre fomos.

 

 

Desejamos para todos eles tratamento humano como estão tendo e o julgamento justo sob a força da Lei.

 

Isto não nos torna melhores do que ninguém, isto apenas nos torna mais “humanos de fato” e mais próximos de civilidade, harmonia social e desenvolvimento humano e mais longe da barbárie.

 

 

A falta de coerência pode ser uma das mães de todos os problemas sociais que vemos, pois ela não permite o caminho da evolução, melhorias da organização social e do bem comum, pois como pode haver avanço quando pessoas só defendem o que lhe interessa e no momento que lhe interessa? Infelizmente para todos nós, a cada notícia que vemos, fica claro que as ideias e ações que vemos neste país propagadas fortemente e por uma rede articuladíssima a partir da ideia de um louco bandido e sua familícia chamados bolsonaros, são eivadas de incoerência, hipocrisia e falsos valores morais e cristãos.

 

 

Como encontrar o limite então e saber o que é coerente? Não é tão difícil assim, basta que a gente faça e responda algumas perguntas:

 

Minha liberdade de opinião incita ódio e violência: se sim, não tenho mais direito a ela! O que defendo para mim e para a sociedade pode ser aplicado a todos sem prejuízo de nenhum? Se sim, sigo em frente! Aquilo que defendo e é bom para mim quero que seja defendido e levado a todos? Se sim, sigo em frente! O mais triste é que a falta de coerência costuma vir sempre junto com a hipocrisia, a maldade e a violência, pois seu julgamento varia de acordo com sua ignorância ou má fé, e ignorância e má fé nunca levaram ninguém e nenhuma sociedade adiante.

 

 

Edina Maria Burdzinski
Mestre em Ciências Humanas
Professora de Sociologia

Equipe A Gazeta Tresbarrense
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