O cantor e compositor pernambucano, Alceu Valença (1946-) compôs músicas retratando os lugares de Recife que frequentava quando era jovem, usou palavras para descrever os locais nos quais trazem lembranças e sentimentos. Como em suas músicas, o espaço geográfico pode ser representado por desenhos sem rigor técnico, fotografias com rigor técnico, e uma outra opção é representar por meio de mapas, no qual pode identificar, comparar e se localizar em trechos do planeta.
Um mapa tem sua linguagem própria, com informações do local a ser representado, códigos, símbolos que precisa conhecer para entender. No ensino da cartografia o aluno precisa saber a importância da interpretação do mapa na localização, medir distâncias e observar dados específicos no local a ser observado, e o professor deve estimular sua criatividade e a reflexão sobre as paisagens do lugar onde ele vive.
A Cartografia não traz somente as representações da Terra com suas diversas projeções, pode também trazer a evolução do tempo histórico, representando suas relações com as questões políticas, religiosas e do imaginário da sociedade no passado. As projeções desse período histórico a ser representado, poderá analisar e compreender esses elementos a ser projetado em um mapa.
Atualmente utiliza a tecnologia, o GPS é uma das ferramentas, que só foi possível a partir do que se sabe sobre mapas, que explica com precisão o caminho de um determinado endereço. Mas de nada adianta se o aluno não é alfabetizado cartograficamente, pois a interpretação de símbolos e suas convenções são informações de extrema importância, deve saber a função de seus principais elementos como rosa dos ventos, escala, entre outros.
Os mapas foram de extrema importância para a locomoção das grandes navegações, e no processo meio-técnico-cientifico evoluindo a cartografia, até chegarmos os voos intercontinentais, utilizando as coordenadas geográficas para se localizar. Hoje a tecnologia torna possível o deslocamento seguro com alertas de satélite dos elementos naturais do relevo, os fenômenos climáticos durante o percurso, só possível com a evolução da ciência adquirida ao longo dos séculos.
Atualmente o conhecimento cartográfico evoluiu de tal maneira, que um mapa contém outras informações além de indicar localização, distâncias entre espaços e população de um determinado país. Também pode representar a vegetação, altitudes, relevo, questões socioeconômicas, que se essas informações forem em forma de texto, será extenso e uma leitura cansativa, e leitura de texto por mais simples que seja, é um desafio que enfrentamos diariamente em sala de aula.
Na prática docente no ensino da geografia cartográfica, o docente transmite o conhecimento ao aluno e ele precisa saber o “fazer” não tão somente ficar em questões teóricas técnicas como: interpretação de imagens de satélites, coordenada geográficas, cartogramas, técnicas de geoprocessamento. Mas também o saber o básico cartográfico, que seu braço do lado direito aponta a leste e a bússola apontará para o Norte.
E essa consciência do saber fazer tem na visão renascentista descrita pelos autores irmãos Grimm, Jacob e Wilhelm, quando rescrevem o conto João e Maria, que atualmente conhecemos. A história da literatura infantil de João e Maria as crianças conseguiram retornar na primeira vez sem dificuldade, João conseguiu através de marcações com as pedrinhas do caminho fazer o retorno.
João inconscientemente conseguiu desenhar o mapa que precisava se localizar na floresta, que nos remete a lembrança do mapa de Cantinho, 1502 que representa o primeiro mapa geral da costa meridional da América do Sul, considerado o primeiro mapa das terras que viriam ser o Brasil. Bem como o caminho traçado nas cartas portulanos nas grandes navegações, que em uma de suas expedições descobriram a América.
Na história infantil, João e Maria conseguiram voltar para a casa na segunda tentativa, a partir de suas observações nas questões naturais, como relevo e vegetação, pois possuíam o conhecimento adquirido com seu pai lenhador. Que passou todo seu saber, representado na figura de lenhador como o professor mediador do conhecimento de forma responsável, que guiará e lapidará seu aluno para enfrentar realidades futuras com grandes desafios.
Desafios esses que são importantes e vão além do aprender teoria da espacialização, seus objetivos pedagógicos e de aprendizagem. É construir conhecimento a partir de sua história, estimular e desenvolver hábitos. Saberes que implicará significativamente em sua vida cotidiana, que para obter resultados significativos devem estar alinhados escola e família, aspecto fundamental no desenvolvimento educacional.
Há um ditado popular quando está perdido e seguirá um caminho mais curto, “quem procura atalhos procura trabalho”, atualmente não se tem muito trabalho pois existem diversos recursos tecnológicos a disposição. Que armazenará, disseminará e gerenciará dados entre outros objetivos, exemplo é a Geomática, que são imagens produzidas por satélites cada vez mais utilizadas, como recurso de planejamento urbano, monitoramento de trafego e queimadas, entre outros.
E o uso dessa tecnologia não está restrita a especialista, com um Clik verifica na internet onde está localizado o lugar que se pretende visitar, caminho mais rápido para chegar. E ainda mais viajar para locais que se sonha sem sair de casa, e “visitar” virtualmente ver imagens de ruas, construções e paisagens. E isso só é possível, por meio de fotografias aéreas e imagens de satélites, possível e disponível para explorar o conhecimento cartográfico.
Por fim os documentos cartográficos, ajudaram a entender com precisão a modificação do espaço geográfico e sua organização, as transformações espaciais seja ele naturais, sociais ou políticas, que foram sendo alterados e será alterado. O ensino da cartografia não deve ser somente que a bússola foi uma das maiores invenções da humanidade, mas que com ela foi realizadas explorações, e como professor ensinar a percorrer e explorar novos horizontes.
Prof. Keila Aparecida de Almeida, Geografa e Professora de Geografia na Rede Pública e Estadual de Santa Catarina