InícioCegueira e SolidariedadeCOMPETIR OU COOPERAR? Eis o desafio!

COMPETIR OU COOPERAR? Eis o desafio!

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Diariamente e sistematicamente, a palavra competitividade é pronunciada por inúmeras pessoas, principalmente por aquelas vinculadas aos setores produtivos, que necessitam atingir metas e possuem objetivos de acumulação ou lucratividade, agregação de valor e renda, dentre outros.

 

 

Por estas e outras razões, a palavra competitividade é inerente ao modo de produção capitalista. Constata-se que as relações de mercado, a globalização, o neoliberalismo, o consumismo e outros fenômenos contemporâneos exigem que as pessoas estejam cada vez mais inseridas nas disputas e na ciranda capitalista da competitividade, seja por salários maiores, por uma posição mais elevada no mercado de trabalho, pelo espaço social, político ou econômico na sociedade e, deste modo, há estímulos ao consumismo e à competição. Algumas palavras ou frases são cada vez mais pronunciadas e difundidas cotidianamente pelas pessoas, tais como: “mercado mais competitivo”; “produtos mais aceitos” (induzindo que competiu com outro produto); “estratégias de lucratividade”, “empreendedorismo”; “metas a serem alcançadas”; “vendas”; “consumo”; “lucratividade”.

 

 

 

 

Diante disso, pergunta-se: Quem produz tais discursos? Como são difundidos, assumidos e reproduzidos? Isso é saudável, sob o ponto de vista social? Qual a lógica para tanta competição? Tais questionamentos se fazem necessários para que se reflita perante as avalanches e pressões impostas pela competitividade. Essa lógica é apresentada e reproduzida como o único caminho, mas, será que a sociedade não se constituiria de forma mais harmônica se a palavra-chave fosse a cooperação? Afinal, um dos sistemas alternativos e eficientes de produção, distribuição e consumo são as formações e organizações pautadas e executadas em alicerces fundamentados no cooperativismo. A frase “um galho é facilmente quebrado, porém, um feixe de galhos torna-se muito mais resistente”, é uma das metáforas mais apropriadas para demonstrar que a cooperação determina maior resistência. Nesse sentido, por exemplo, quando todos os integrantes de uma família assumirem os afazeres domésticos, possivelmente as tarefas serão concluídas com mais rapidez e eficácia, e isso propiciará que todos tenham mais tempo para outras atividades.

 

 

 

 

No trabalho, isso não é diferente: se todos os integrantes de uma equipe exercerem suas funções com maestria e cooperando uns com os outros, a rentabilidade do trabalho, a satisfação e os resultados tenderão a serem melhores para todos e, da mesma forma, o ambiente de trabalho será mais prazeroso e produtivo. E na sociedade, como seria o convívio social se fosse possível estabelecer parâmetros de convivência entre os países e os povos, considerando como pilares basilares a cooperação? Isto não é algo impossível.

 

 

 

 

Só no Brasil, na atualidade, segundo o Anuário da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), existiam, até 31 de dezembro de 2020, 4.868 cooperativas com registro ativo nos 7 ramos em que o sistema opera. Além disso, há as Associações, que desempenham funções sociais, políticas e econômicas interessantes para os que delas são associados. Talvez, diante do atual cenário social, político e econômico mundial, que é caracterizado por crises sanitárias, como a pandemia, e guerras, problemas econômicos e desigualdades sociais, seja relevante rever os discursos da competitividade e apresentar a cooperação, na perspectiva de que sejam constituídas melhores condições de vida em sociedade.

 

 

 

 

E o momento pode ser esse: o da transformação, que pode iniciar em nossas famílias, no ambiente de trabalho e na sociedade. Que tal começarmos a questionar e abolirmos o vocábulo competição e o substituirmos por cooperação? A pedagoga italiana Maria Montessori (1870-1952) alertava: “As pessoas educam para a competição, e esse é o princípio de qualquer guerra. Quando educarmos para cooperarmos e sermos solidários uns com os outros, nesse dia estaremos a educar para a paz”.

 

 

 

Francis Mara Schiessl – Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UNC).

Jairo Marchesan – Docente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UNC).

Letícia Paludo Vargas – Docente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UNC).

Equipe Gazeta
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