A palavra trabalho – tripalium – vem do latim, e o seu significado atribui-se a um instrumento de tortura; trabalhar significava ser castigado, torturado. Desse modo, a concepção de trabalho passou a ser associado à dor e sofrimento. Com o tempo, era atribuído às pessoas destituídas de posses, as quais realizavam trabalhos físicos, cansativos, exaustivos e cabia normalmente a agricultores, camponeses, artesãos e outros (Dicionário etimológico).
Segundo o livro “Felicidade no Trabalho”, 90.000 horas (noventa mil horas), é o tempo médio que trabalhamos ao longo de nossa vida. Ou seja, passamos a maior parte da nossa vida trabalhando. Diante disso, podemos perguntar: qual o sentido do trabalho? Há a necessidade de se trabalhar tanto assim? Para que ou para quem se trabalha? O que significa trabalhar? Para a maior parte dos trabalhadores, é justo o que os mesmos recebem em troca do trabalho realizado? Vive-se para trabalhar ou trabalha-se para viver? Na atualidade, o trabalho passou a ser condição necessária para obtenção de dinheiro, e, dele, obter a subsistência e adquirir outros bens.
A partir da modernidade, principalmente, o ser humano tornou-se e continua refém do trabalho. O trabalho deveria ser uma atividade ou ocupação humana que gerasse bem-estar, autoestima, realização pessoal, entre outros. De igual modo, o trabalho, na vida humana, deveria ser uma das atividades de satisfação, enfim, para a realização humana.
Por outro lado, no atual contexto societário, se as pessoas não trabalharem de acordo com as imposições do mercado de trabalho, as mesmas poderão ter efeitos negativos que podem afetar diretamente a subsistência e até a vida social e psíquica. Pela centralidade, intensidade e exigências que o trabalho ocupa e impõe para a sociedade, pode-se afirmar que as condições de trabalho, de maneira geral, interferem negativamente na qualidade de vida das pessoas. Do mesmo modo, uma pessoa sem trabalho (desempregada) é impedida de realizar suas condições humanas primárias, que é o direito à subsistência, logo, comprometer ou afetar diretamente sua dignidade.
Ainda, muitas vezes, e infelizmente, as pessoas são caracterizadas, também, pelo que fazem! Por exemplo, às vezes, as pessoas podem ser ou de fato são identificadas, caracterizadas ou avaliadas pelo que desempenham ou ganham no desempenho do trabalho. Por isso, se as condições de trabalho são desfavoráveis aos trabalhadores, pode haver tendência de desenvolver patologias ou até depressão. Paralelamente, pode, também, gerar insatisfação, desinteresse nos trabalhadores e influenciar na produtividade.
Trabalhar sem as condições adequadas – ou sem satisfação -, pode ser sinônimo de sofrimento e até propenso a gerar doenças. A felicidade no ambiente de trabalho está diretamente relacionada às características e às condições de trabalho, bem como, a satisfação, bom relacionamento, clima organizacional positivo, remuneração justa, dentre outras.
O trabalho, de maneira geral, precisa oferecer segurança, dignidade, bem-estar, satisfação, ou então aquilo que se denomina qualidade de vida aos que trabalham: os Trabalhadores. Portanto, o trabalho não pode ser associado ou vivido como algo vinculado ao sofrimento, mas, sim, que seja prazeroso, que gere satisfação e bem-estar aos trabalhadores. Por isso, requer condições e remunerações adequadas aos que operam: os Trabalhadores! Sendo assim, a realização do trabalho não pode ser algo que gere sofrimento humano, mas dignidade humana.
JACIEL SANTOS KARVAT – Mestrando no Programa de Mestrado em desenvolvimento regional da Universidade do Contestado (UnC). E-mail: [email protected]
JAIRO MARCHESAN – Professor do Programa de Mestrado e Doutorado em desenvolvimento regional da Universidade do Contestado (UnC). E-mail: [email protected]